segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Museu da Cachaça

Museu da Cachaça teve origem a partir da coleção particular de garrafas de cachaça de Delfino Golfeto e a princípio abrangia apenas uma sala localizada no sub-solo do restaurante em Tupã. Com o tempo, e reunindo várias peças a respeito da história da cachaça, o Museu da Cachaça foi oficialmente inaugurado em 2004 contando com duas salas - História da Cachaça, juntamente com história da Água Doce Cachaçaria e a sala contendo a coleção de garrafas.

Devidamente cadastradas, a coleção conta com cerca de 2.000 garrafas de cachaças e outras bebidas raras.

Em 2008, a construção de novas salas para a diretoria, gerência, departamento de marketing, financeiro e de serviço de atendimento ao franqueados (SAF), duas salas foram disponibilizadas para a ampliação do Museu da Cachaça.

Aproveitando essa oportunidade, e com a chegada de novas peças por meio de doações ou aquisição por parte do proprietário, houve a necessidade de se realizar uma triagem e cadastramento das peças que tinham maior importância história.

Hoje o Museu possui quatro salas distintas: História da Cachaça, Coleção de cachaça, História da Água Doce, Paixões Nacionais

Agende uma visita: De Segunda a Sábado em horário comercial. É necessário agendar previamente pelo fone: (14) 3491-5691 O Museu da Cachaça está localizado na região centro-oeste do estado de São Paulo, na Estância Turística de Tupã, Rua México, 120 Tupã SP CEP 17605-243

domingo, 25 de novembro de 2012

A fada verde

Em meio a polêmicas, e apenas recentemente fora da ilegalidade, o absinto tem alto teor alcoólico, cor e sabor marcantes e, diz a lenda, poderes alucinógenos.
Revista Adega

A tonalidade verde do absinto remete à Belle Époque, o efervescente período que marcou o início do século XX, sob o resplendor da Revolução Industrial e do revolucionário levante artístico que marcou o surgimento do Romantismo. Época da vida boêmia pelos cafés e boulevards da Paris que renascia a cada dia; e o absinto passou a ser conhecido como La Fée Verte ou The Green Fairy, a fada madrinha da nova expressão artística que ali surgia.

Apesar de ser sempre relacionado à França, o absinto é uma criação suíça. Destilados, seus ingredientes compõem-se de anis e uma diversidade de ervas das quais se destaca a Artemisia absinthium, responsável pela polêmica em volta do absinto, por conter substâncias alucinógenas.

A história do absinto começa em 1792, quando o médico e monarquista francês, Pierre Ordinaire, exilado na Suíça, utilizou a planta Artemisia absinthium para fabricar uma poção digestiva. Poucos anos depois, ele adicionou álcool à fórmula para potencializar seus efeitos.

O medicamento do doutor Ordinaire tornou-se coqueluche na Suíça e rapidamente atravessou fronteiras. Já carregava nessa época uma forte dose de mitologia. Espalhou-se a lenda de que suas virtudes iam muito além da cura dos males do estômago, tornando seus usuários mais bem-dispostos para o trabalho. Por causa de seus poderes milagrosos e da sua cor esverdeada, os mais entusiasmados apelidaram-no de Fada Verde. Na antigüidade, a planta do absinto era um precioso elixir medicinal, recomendado por ninguém menos que o filósofo Hipócrates e o matemático Pitágoras.

Nas horas de descanso, Toulouse-Lautrec não deixava de dar suas bebericadas. Oscar Wilde e Paul Verlaine escreveram poemas em seu louvor. Degas, Manet, Van Gogh e Picasso fizeram o mesmo em seus quadros...

Saiba mais

- O absinto foi proibido por muitos anos na maioria dos países, voltando recentemente à legalidade;
- A simples mistura com água ou álcool, das ervas que compõem o absinto, resulta num líquido extremamente amargo. Essa mistura amarga, ao ser destilada, adquire um sabor agradável, marcante. Seu aroma remete ao anis, à losna e outras ervas aromáticas;
- Com teores alcoólicos de até 54%, a Fada Verde, como é chamada por seus entusiastas, não brinca em serviço.

Álcool capaz de matar é achado em 37% das bebidas em São Paulo

Presença de metanol - um álcool tóxico que pode até matar - foi detectada em 37% das cachaças, licores, vinhos, conhaques e uísques analisados
Davi Lira, do Estadão

Em mais da metade de uma amostra de 65 bebidas coletadas com produtores, vendedores e consumidores das cidades de São Paulo e Diadema (SP) constatou-se a existência de substâncias nocivas à saúde humana. A presença de metanol - um álcool tóxico que pode até matar - foi detectada em 37% das cachaças, licores, vinhos, conhaques e uísques analisados. Em 11 bebidas, as concentrações de cobre estavam acima de 5 mg/l, limite estabelecido por lei.

O estudo, realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (Cebrid-Unifesp), faz parte de um levantamento internacional que abrange o consumo de álcool clandestino. Ambos os estudos são financiados pela International Center for Alcohol Policies (Icap), ONG americana vinculada à indústria da bebida. Os resultados serão divulgados nesta terça-feira, pela primeira vez no Brasil, durante conferência em São Paulo.

"A pesquisa, inédita, que durou dois anos, envolve países como Brasil, China, Índia, México e até o Sri Lanka", afirma o médico e professor da Unifesp Elisaldo Carlini, um dos coordenadores do levantamento do Cebrid.

A maioria das amostras das bebidas foi coletada em São Paulo (69%), especialmente com vendedores. Porcentagem ainda maior (81%) declarou que sabia que as bebidas vendidas eram ilegais. O restante da amostra é procedente de Diadema, cidade onde o Cebrid possui um núcleo de pesquisas.

Depois de passarem por quatro análises químicas - entre as bebidas, 65% eram cachaças artesanais e 10%, licores -, constatou-se que apenas 8 das 65 amostras eram registradas no Ministério da Agricultura e muitas apresentavam grande concentração de água e alto teor de acidez (pH maior que 5).

Nas amostras de cachaça, o valor do etanol estava abaixo do adequado (40%). E em 24 amostras foi comprovada a existência de metanol. "Nenhuma concentração [DE METANOL]deveria estar presente. Dependendo da quantidade ingerida, pode levar até a morte por intoxicação", afirma Vânia Viana, pesquisadora da Unidade de Dependência de Drogas da Unifesp. Além disso, das 11 amostras de cachaça com alto teor de cobre, em 1 delas a concentração ultrapassa em 5 vezes o estabelecido por lei. [De Metanol]" O excesso de cobre acaba fazendo dele um agente agressor do organismo", diz a nutricionista Camila Leonel.

Outro dado levantado por essa pesquisa é que em parte dos produtores foi constatado que o processo de engarrafamento é feito sem o uso de técnicas de assepsia.

Controle. De acordo com Luiz Alberto Chaves, coordenador da Coordenação de Políticas sobre Drogas (Coed) do governo de São Paulo, "a falta de estatísticas oficias sobre a produção e o consumo de álcool ilegal tem impacto na elaboração de políticas públicas da área". Em nota, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) informa que apura periodicamente todas as denúncias de bebidas alcoólicas sem registro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Diageo apresenta a primeira das 100 lojas que abrirá no país

Dona das marcas Smirnoff, Johnnie Walker e Ypióca quer vender cachaça de uma maneira diferente no país
Daniela Barbosa, de Exame.com

A Diageo, dona das marcas Smirnoff, Johnnie Walker e Ypióca, inaugurou a primeira de 100 lojas que pretende abrir no Brasil para vender destilados.

Intitulada de Casa dos Destilados, a unidade vai oferecer uma variedade de produtos, como uísque, vodca, saquê, cachaça e rum, de uma maneira diferente ao consumidor. A loja foi inaugura em parceria com a rede de supermercados Bompreço, que pertence ao Walmart.

“O mercado brasileiro merecia um local exclusivo para os consumidores que apreciam produtos de alta qualidade. Unimos a força do portfólio premium da Diageo ao amplo conhecimento e experiência em varejo do Bompreço" afirmou Alexandre Boucinhas, diretor comercial da companhia, no país, em nota.

A primeira unidade foi inaugurada no Recife, em Pernambuco. A cidade é campeã de venda do uísque Johnnie Walker, por isso, a escolha da pioneira ser lá. As demais lojas devem ser abertas nos próximos três anos. disse a Diageo.

A Casa dos Destilados possui cerca de 100 metros quadrados, com uma ampla variedade nos rótulos das bebidas. “Na loja, o consumidor terá uma grande interação com nossas marcas, que acontece desde o formato das gôndolas até o contato com displays interativos, que falam sobre os produtos, formas e ocasiões de consumo, além de dicas de receitas e programas de degustação online em iPads”, disse Boucinhas.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Última dose!

Hernane Lélis
São José dos Campos


A tradição de oferecer o primeiro gole de cachaça ao santo tem, entre muitas explicações, a ideia de que a entidade vai prover harmonia e fartura ao lar. A crença praticada exaustivamente nos alambiques do Vale do Paraíba tem caído por terra juntamente com a bebida. Mais próximos da máxima “santo de casa não faz milagre”, produtores de aguardente da região degustam o sabor amargo da crise que atinge o setor. Com produção anual de apenas 800 mil litros –46% menor que há quatro anos–, a atividade corre o risco de desaparecer com a falta de estímulos para que os engenhos continuem operando.

Ao lado de futebol, samba e Pelé, a cachaça aparece como um dos principais patrimônios brasileiros, sendo, inclusive, vocábulo de origem exclusivamente nacional com 140 sinônimos listados no dicionário. A bebida está ligada à cultura do Brasil, presente na gastronomia, na música e nas demais formas de arte e festas populares. A quantidade de referências, no entanto, é uma pequena dose da valorização que o produto, ou melhor, o produtor precisa ter para continuar no mercado. Somente no Vale do Paraíba 120 alambiques fecharam as portas desde 2008 por conta da alta tributação da bebida e da falta de iniciativas públicas que fomentem o comércio.

A baixa no setor tirou da região o título de maior produtor de cachaça de alambique do Estado de São Paulo, pertencente atualmente a Piracicaba e municípios do entorno. Nos tempos áureos, 1,5 milhão de litros de aguardente eram feitos por 270 engenhos que funcionavam em todo o Vale, garantindo renda para pelo menos 800 famílias. Mais do que indústria da cachaça, os alambiques da região querem ser vistos como uma espécie de indústria social, onde o importante são os empregos gerados, principalmente na zona rural, evitando o adensamento populacional nos cinturões das grandes cidades.

“Dezenas de pessoas ficam desempregadas para cada alambique que fecha, muitas sobrevivem apenas da atividade. Tem alambiques vendendo os equipamentos para tentar alguma coisa que lhe garanta um lucro na zona urbana. Muitos dos que saem da zona rural não possuem nenhuma capacitação profissional, além da usada no campo, e acabam no subemprego e morando na periferia em condições inferiores a que tinha na zona rural”, diz Flávio Ferreira, diretor da Associação dos Produtores de Cachaça Artesanal do Vale do Paraíba, entidade fundada em 2002 para ajudar os produtores de cachaça a fomentar a atividade, mas que existe hoje apenas no papel.

Ferreira é proprietário de um dos mais tradicionais alambiques do Vale, o Alambique do Antenor, no distrito de Piedade, em Caçapava. No local trabalhavam 12 pessoas na produção de três tipos de cachaça –hoje apenas dois ajudantes dão conta de todo o serviço, desde a matéria-prima de cultivo de cana-de-açúcar até o produto final comercializado diretamente no balcão. “A cachaça de alambique tem uma dificuldade enorme de chegar a um supermercado ou empório. A tributação e o custo de produção são altos e o revendedor tem dificuldade de comercializar. É impossível competir com uma cachaça industrial”, explica o produtor.

sábado, 10 de novembro de 2012

Rico também bebe cachaça!

Assim como aconteceu com a vodca, o destilado de cana-de-açúcar busca a sofisticação dos aromas para fugir da pecha de popular e conquista públicos mais sofisticados
Por Suzana Borin

Dono de um bar, em Salvador, na década de 1990, o empresário baiano Carlos Oliveira tinha 250 rótulos de cachaça em suas prateleiras. Apesar do sucesso da cachaçaria, ele ficava incomodado com as caretas que muitos clientes faziam ao ingerir a bebida. “Queria acabar com a ideia de que a bebida rasga a garganta. Então criei uma pinga com mel e limão”, diz ele. Hoje radicado em Bragança Paulista (SP) e dono da Busca Vida, cachaça aromatizada com os dois ingredientes, Oliveira diz que conseguiu alcançar seu objetivo e sorri quando uma mulher pede uma dose da sua criação – sem careta.

Essa cena se repete em bares e baladas descoladas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, entre outras capitais brasileiras. “Já existem até outras marcas com a mesma vocação”, afirma o empresário. “Fico feliz de ter iniciado esse mercado.” Na carona do produto do baiano surgiram as cachaças Santa Dose, pernambucana, e B, mineira, a última a ser lançada, em março. Cansados das opções de drinques com vodca, energético e uísque, os cinco sócios da 14c Investimentos de Bebidas lançaram a Santa Dose. Produzida em Pernambuco pela destilaria Carvalheira, a bebida tem 17,5% de teor alcoólico. Bem menor que os quase 48%  a que pode chegar uma típica pinga de cana-de-açúcar.

Roupagem francesa: a garrafa da pinga B é da mesma fornecedora da vodca Grey Goose, da França

Com a percepção de que tinham na mão um produto mais sofisticado do que a velha e boa cachaça de boteco, antes de colocá-lo no mercado, há dois anos, seus donos resolveram testá-lo em bares do Itaim Bibi, bairro de classe alta da capital paulista. “A aceitação foi grande”, diz Bruno Siqueira, sócio e CEO da 14c Investimentos de Bebidas. “Principalmente entre as mulheres.” A percepção virou certeza e o negócio se consolidou. Em julho de 2010, a cachaça passou a ser distribuída pela mineira Globalbev e chegou a bares e boates do Recife, de Brasília, Cuiabá, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

“A parceria nos rendeu um crescimento de 1.000%”, afirma Siqueira. Segundo ele, são vendidas cerca de dez mil garrafas de Santa Dose por mês. Agora a empresa foca seu interesse nos apreciadores do Exterior. “Este ano já enviamos um contêiner para Espanha, Portugal e Alemanha”, diz o CEO da 14c.  Compartilhando da mesma ideia de que apreciar bebidas de baixo teor alcoólico pode agradar a um público mais exigente, Nelsinho Piquet, ex-piloto de Fórmula 1 e atualmente competindo na Nascar Truck Series, transformou-se em empresário e lançou, em parceria com os amigos Eduardo Jorge e Hendrik Wolff, a aguardente B (lê-se bee, abelha, em inglês). “Nunca fui fã de bebida forte. Até quando bebo champanhe, prefiro misturá-lo a suco de pêssego”, diz o filho do tricampeão Nelson Piquet.

"Marvada" chique: os sócios Felipe Frederico e Bruno Siqueira, da cachaça santa dose, de olho nos europeus

“A cachaça com mel e limão é perfeita, pois o gosto característico da bebida fica camuflado.” Segundo seus idealizadores, a B nasceu preparada para o mercado internacional. É produzida em um alambique localizado em Minas Gerais (o nome da cidade é guardado a sete chaves pelos sócios), considerada a “terra das cachaças”, e envasada em garrafas da francesa Saverglass, a mesma fornecedora da vodca Grey Goose, também da França. “A B foi pensada para competir com as vodcas premium”, diz Eduardo Jorge. Essa tendência gastronômica repete o que aconteceu com a vodca, antes uma bebida popular e apreciada pelos trabalhadores russos e poloneses.

Assim como sua prima europeia, que se suavizou e se sofisticou ao tomar emprestado os sabores cítricos e de frutas do bosque, a cachaça buscou parceria na mistura bem brasileira “mel & limão”. De acordo com Leandro Batista, especialista em cachaças do Restaurante e Cachaçaria Mocotó, de São Paulo, esse tipo de bebida é a porta de entrada para os destilados originais. “É uma característica do paladar brasileiro interessar-se por bebidas mais adocicadas”, afirma ele. “Apreciar as pingas flavorizadas é uma forma de as pessoas começarem a se interessar pelas demais cachaças”, diz Batista, que corrobora com a ideia de que o destilado misturado ajuda a suavizar a imagem de “bebida forte” do produto.

Pinga não, cachaça!

É boa, mas tão boa, que já entra nas casas pela porta da frente   Por Paulo Kehdi

Cachaçarita

A cena vem se tornando cada vez mais freqüente e corriqueira nos bares mais badalados da capital. Assim que chegam, clientes dos mais variados perfis abrem a noite com drinques à base de cachaça, ou pura. Sem cerimônia. Não faltam motivos para isso. Um é o preço. Um rápido comparativo com outros destilados, como o uísque, mostra que invariavelmente a cachaça é mais barata. Se uma dose de uísque de qualidade custa cerca de 18 reais, um cálice de cachaça nobre, purinha, pode custar um terço disso.
A impressão de que o que é mais barato necessariamente é pior desfaz-se ao primeiro gole. É difícil resistir ao sabor de uma aguardente envelhecida em madeira. Surpreende a suavidade de uma bebida de teor alcoólico relativamente alto - entre 38% e 48%, enquanto as cervejas têm de 0,5 a 7% e os vinhos de 7 a 18% - e cuja história se confunde com a do próprio Brasil.

Foi no início do século XVI que os portugueses trouxeram da Ásia para cá a cana-de-açúcar, planta tipicamente tropical, com a intenção de introduzir no país a produção de açúcar. Os primeiros engenhos foram instalados em 1532, na capitania de São Vicente, no litoral Sul paulista. E meio por acaso descobriu-se o vinho da cana, chamado de cagaça ou garapa azeda, de fácil fermentação e que servia de alimento para animais. A idéia de destilar esse caldo veio rapidamente. Surgia, assim, a cachaça - 100% brasileira.

Cachaças no Emporium

Inicialmente destinada a escravos, ela logo caiu no gosto popular. De meados do século XVI até metade do século XVII os alambiques -ou casas de cozer méis, como está registrado em livros de estudiosos -, se multiplicaram nos engenhos. O destilado tornou-se um protagonista do cenário social e econômico, e marca registrada nacional.

Porém, hoje os tempos são outros e a cachaça destilada artesanalmente vem perdendo terreno para a cachaça de coluna, ou industrial. A busca por qualidade, aliada a fatores ambientais e tecnológicos impulsionaram a industrialização. Por ter um período de safra relativamente grande - seis meses, de maio a novembro - o corte da cana-de-açúcar exige planejamento e produção em larga escala para que se consiga aproveitar o seu pico de maturação, o que significa obter a maior concentração de açúcar possível por pé. São mais de quarenta variedades da planta, que exigem um trabalho de mapeamento e logística, e que culminam com a otimização de sua colheita. Sem falar nas diversas etapas de produção da cachaça, que exigem cuidados.

O professor Jorge Horii, coordenador do setor de açúcar e álcool da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba (SP), faz experimentos em colunas de destilação em busca de cachaça mais neutra. E desenvolve aparelhagem que permitirá uma apurada análise do produto. Para ele, a tecnologia é imprescindível para alcançar bons resultados. "Quanto maiores forem as etapas de moenda da cana, maior será o rendimento de extração. Na fermentação, é preciso de aquecimento e tratamento ideal do produto, trabalhando a sua concentração e temperatura. Tudo isso é necessário para que se consiga a homogeneização do caldo, condição básica para termos uma boa cachaça", explica Horii.

Sweet Cream

Uma destilação criteriosa, contínua, com diversos cortes, separando-se o chamado corpo, das impróprias cabeça e cauda, resulta num produto de qualidade. Mas para que a cachaça possa ser considerada nobre, além de toda a preocupação descrita, é preciso esperar pelo seu envelhecimento. "A cachaça é o único destilado que pode ser envelhecido ou não. Na ausência do envelhecimento teríamos a cachaça branca. As que possuem tonalidade amarelada é porque passaram pelo processo, três anos em média, em madeiras como o carvalho europeu, cabreúva, amendoim ou jequitibá, entre outras. Isso adiciona um sabor delicioso ao produto, traz suavidade e neutralidade", afirma.

Outro grande aliado do consumidor é a constante atualização da legislação brasileira com relação ao destilado. Desde 1995, não se têm economizado esforços para delimitar sua composição ideal. A Instrução Normativa 13, sancionada pelo Ministério da Agricultura em junho de 2005, estabelece padrões de qualidade e identidade, determinando sua composição química, métodos de destilação e condições de higiene, entre outros.

Como dá para adivinhar, os produtores da chamada cachaça artesanal, feita em alambiques, terão de trilhar este caminho para não desaparecer. Adquirir tecnologia para ter controle de qualidade e adequar-se à lei. Coisa que muitos já estão fazendo, especialmente na região de Salinas, no Norte de Minas. Números expressivos estão ligados a esse mercado. Segundo dados do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça, o Brasil produz 1,3 bilhão de litros por ano - 45% só no estado de São Paulo. Dessa cifra, 1 bilhão são industrializados e comercializados por cerca de 5 mil marcas. O setor, composto de 30 mil produtores, gera 400 mil empregos diretos.

Violeta de Outono

Marco Antonio Souza, funcionário do Emporium São Paulo há quatro anos, há três trabalha com as cachaças vendidas na rede. Aqui, ele dá algumas dicas para os iniciantes. "Apreciadores de cachaça procuram as envelhecidas, para serem degustadas na forma pura, gelada ou não. Já as brancas são boas para coquetéis, drinques e batidas. As com graduação entre 38 e 40% são as mais requisitadas, pelo sabor suave que apresentam. Um cálice antes e outro depois da refeição é a medida certa para o seu correto consumo", diz Souza.

Com as mais variadas denominações - vão de A, de abrideira; B, de branquinha; e C, de caninha, até o Z, de zuninga -, a cachaça vem adquirindo status de bebida nobre. Por isso, em muitos meios pinga virou xingamento. Seu sabor inconfundível promete transpor a última barreira a ser conquistada: o mercado externo. Só 1% da produção nacional vão para fora. A crescente qualidade do produto indica que isso é mera questão de tempo.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Revolta da cachaça

Por Cristine Delphino

A cachaça hoje tida como produto cultural passou por momentos complicados durante a Revolta da Cachaça, no final de 1660 e começo de 1661, no Rio de Janeiro. O país sofria com a crise do açúcar, motivada pela expulsão dos holandeses das terras brasileiras, em 1654, e os produtores de cana-de-açúcar já não obtiam os mesmos lucros de outrora, além de enfrentarem a alta concorrência. Dessa forma, tiveram que pensar em alternativas para aumentar os seus ganhos, como a intensificação da exploração do produto e aumento do número das plantações.

Os portugueses, que tinham a sua própria bebida conhecida como bagaceira, feita a partir do bagaço da uva, não gostaram nada da concorrência e muito menos da divisão de lucros. Desde antes da crise do açúcar, os colonizadores passaram a tomar medidas para diminuir a ameaça da fabricação da aguardente, foi proibido então o consumo da caninha, em 1635. Mas como os soldados não podiam controlar todo o território ou os principais estados produtores, como o Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia, muitos moradores ignoraram as leis. Doze anos depois, os lusitanos criaram a Companhia Geral do Comércio, acreditando que esta seria uma solução ao problema. A empresa tinha controle de quase todos os produtos e claro, de todas as bebidas alcoólicas, mesmo assim a cachaça vinha prosperando e no mesmo ano passou a ser contrabandeada para a Angola.

Foi então, como última medida, que os lusitanos resolveram proibir a produção da aguardente e do funcionamento dos alambiques, se alguém fosse pego descumprindo as leis da corte, poderia ser preso e extraditado para a África. Para provar que desta vez falavam sério, os portugueses destruíram muitos alambiques e queimaram os navios que transportavam a cana.

No mesmo ano, o então governador do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides, visando o enorme lucro gerado em torno da bebida, liberou o consumo e fabricação da cachaça, porém para usufruir deste benefício, a população teria que pagar impostos considerados abusivos. A cobrança fez com que a Companhia Geral do Comércio ficasse furiosa, mas mesmo assim Salvador de Sá continuou com a prática e durante uma viagem a São Paulo, deixou seu tio Tomé Correia de Alvarenga no poder e pediu para que este colocasse soldados nas ruas para cobrar as taxas, o que deixou a população revoltada. Moradores da região de São Gonçalo do Amarante, organizaram um motim e liderados por um importante fazendeiro, Jerônimo Barbalho, deram inicio a revolução. Foram até a Câmara pedir todo o dinheiro de volta e o fim dos impostos, medida que foi logo aceita por Tomé. Porém, os moradores continuavam insatisfeitos, queriam tirar Alvarenga do poder e contavam com o apoio dos soldados. Alvarenga antecipando-se, fugiu e deixou o governo vazio.

O cargo foi ocupado por Agostinho Barbalho, eleito pela populaçao e que ao longo dos dias mostrou o seu pouco dom político. Logo foi substituído por seu irmão Jerônimo, um político radical que perseguia e executava jesuítas.

Salvador de Sá que acompanhava tudo a distância, pediu reforços e chegando de surpresa ao Rio de Janeiro, retomou ao poder. Montou uma corte marcial, executou revoltosos e concedeu a pena de morte para Jerônimo Barbalho. Através de uma carta, a Coroa portuguesa soube de toda a revolta e do enforcamento do líder, não gostaram da violência e afastaram Salvador do cargo. No mesmo ano, a fabricação da cachaça foi permitida, os alambiques foram reabertos e a cachaça tornou-se símbolo nacional.

domingo, 4 de novembro de 2012

Programa da Apta incentiva pequeno produtor de cachaça a expandir negócio

Cachaça, pinga, aguardente, canjebrina, caninha, branquinha, manguaça, água-que-passarinho-não-bebe. O brasileiro é criativo ao nomear uma de suas bebidas preferidas. Apostando neste consumidor fiel, a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) criou o Programa de Revitalização e Capacitação da Produção de Cachaça de Alambique Paulista. O produto que prevalece no mercado é o industrializado, regularizado e taxado. Mas existe espaço para a cachaça de alambique, destilada por pequenos produtores, muitos na informalidade.

Orientado e regularizado, ele terá condição de comercializar sua bebida num mercado que produz 1,3 bilhão de litros por ano e exporta US$ 14 milhões, pelos números da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cachaça, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
A coordenadora do Grupo de Estudos da Cadeia da Cachaça de Alambique (Gecca) da Apta, Celina Maria Henrique, observa que não há números confiáveis sobre o segmento em função da informalidade. Porém, prevê-se que da produção anual citada cerca de 300 milhões de litros venham do pequeno produtor, que se vira como pode: fornece a granel a consumidor ou comércio e até para grande fabricante de cachaça. Esse último homogeneíza o produto e o vende depois com marca própria.

Artesanal, não! De Alambique.

Artesanal, não – A primeira fase do programa começou em abril, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que investiu R$ 37 mil. O resultado, diz Celina, será mostrado à agência no mês que vêm, para então reivindicar a continuação do programa. Nessa etapa atual, o Gecca elaborou perguntas para determinar o perfil do pequeno produtor e depois orientá-lo a produzir com qualidade a um público diferenciado, com preço superior ao popular. Oitenta proprietários de alambique, escolhidos num universo de 240 abrangidos pelo programa, receberam questionários. A iniciativa conta com prefeituras, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e pesquisadores de universidades paulistas.

Os 240 participantes representam quatro principais localidades produtoras do Estado, nas regiões de Monte Alegre do Sul, Piracicaba, Jaú e Ribeirão Preto, que englobam duas centenas de municípios. Em Monte Alegre há o maior número, 33 alambiques. O nome cachaça artesanal, ressalva Celina, é proibido por lei federal, apesar de ser usado. “O correto é cachaça de alambique”, corrige. O questionário distribuído aborda característica socioeconômica do produtor, manejo fitotécnico (espécie de cana usada), processo técnico e aspecto ambiental dos subprodutos, a vinhaça e a palha de cana. A primeira é geralmente usada como alimento para gado e a outra ou é queimada, o que não é certo, de acordo com as autoridades ambientais, ou vira adubo.

Workshops – O Gecca promoveu este ano quatro workshops em cada uma das regiões produtoras e um quinto no mês passado, em Piracicaba, de âmbito estadual, com 200 donos de alambique e outras pessoas participantes do programa. Celina e especialistas estaduais e federais falaram sobre legalização, tributação e mercado do produto. Na segunda fase do programa, prevista para fevereiro de 2009, o investimento será de R$ 300 mil. O Gecca vai se aproximar ainda mais do pequeno produtor para ver seu processo produtivo, examinar a cachaça em laboratório para adequá-la a padrões de qualidade, orientar sobre impacto ambiental causado pelos subprodutos e ensinar métodos de administração empresarial (cálculo do preço, cooperativismo, registro da empresa e do nome comercial do produto, bem como embalagem). O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento será parceiro.

Aprenda como se faz pinga de alambique

Primeiro, a cana-de-açúcar é moída para extrair o caldo, que será fermentado por um dia num recipiente chamado dorna. Em seguida, enviado à destilação, operação que separa, pelo calor, a cachaça (em forma de vapor, depois condensada por resfriamento) da vinhaça. O produto destilado é guardado em tonéis de madeira para adquirir cor ou sabor diferente. “Esta última etapa, ausente na produção industrial normal, é o diferencial da cachaça de alambique”, explica Celina.
Da cana aos tonéis de carvalho

O produtor Ronaldo Antonio D’Abronzo foi um dos que recebeu o questionário da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) para responder. Seu alambique é um dos maiores da região de Piracicaba, com capacidade para 20 a 30 mil litros por ano. A maioria de sua produção anual de cana, em torno de 500 toneladas, vai para usinas de açúcar e álcool. Porém, a família D’Abronzo reserva parte da cana para cachaça e assim obtém outra fonte de renda. Além de Ronaldo, trabalham seu pai, Francisco, e seu irmão Rinaldo.

Embora ambos tenham registro, ainda não iniciaram a venda da pinga com nome comercial, embalagem e rótulo próprios. Por enquanto, fornecem a granel para comerciantes locais e da capital. A qualidade da cachaça D’Abronzo foi reconhecida em testes de laboratório. A família vive somente da terra e mora em sua propriedade de 20 alqueires, em Charqueada, cidade ao lado de Piracicaba.
Valdir Antonio Ciuldin pretende reiniciar produção nos próximos meses e já escolheu um evento em Piracicaba para lançar sua marca Bico Doce. Será durante a 4ª Feira Cachaça e Peixe Frito, na famosa Rua do Porto, em Piracicaba, em novembro.

No momento, ele monta novas instalações do alambique em sua fazenda de Limeira, onde planta cerca de 150 toneladas de cana por ano. Toda a produção será destinada à Bico Doce. Nunca vendeu para usinas. “A quantidade que planto não é suficiente para esta finalidade, somente para destilar cachaça”, ressalva Valdir.

Produzir cachaça é uma tradição nesta família descendente de italianos. É a terceira geração a trabalhar no alambique, pois Valdir aprendeu com o pai Luiz e agora ensina seu filho, Marcelo, de 21 anos. Mas os Ciuldin não vivem só da terra. Eles moram em Americana, onde Valdir tem oficina mecânica.

Valdir agradece ao pessoal da Apta pela iniciativa de criar o programa de revitalização e orientar o pequeno produtor. “Aprendi muito nos encontros e agora quero começar uma nova fase, a de fabricante de pinga especial de alambique”. As duas famílias armazenam sua produção em tonéis de carvalho (jequitibá-rosa). Alguns tipos de pinga ficam guardados por anos.

Otávio Nunes, da Agência Imprensa Oficial
(M.C.)

sábado, 27 de outubro de 2012

Oficina da Cachaça

Oficina da CachaçaO alambique existe desde 1910. É um alambique artesanal de cobre que produz uma cachaça selecionada, sendo posteriormente envelhecida em tonéis de carvalho, jequitibá rosa e amendoim. As marcas de cachaças fabricadas no alambique são as mesmas desde a criação do alambique e encontram-se atualmente nas mãos da quarta geração.

A Oficina da Cachaça permite o conhecimento sobre todas as etapas da produção artesanal, sendo possível vivenciar todo processo, desde a moagem até o envelhecimento. Nessa fase o visitante irá experimentar o caldo de cana, a rapadura, a cana em natura, até chegar a degustação de bebidas feitas com cachaça preparadas por bartender, acompanhadas de petiscos saborosos de fazenda. Durante toda a oficina, profissional capacitado estará fornecendo informações pertinentes de como se degustar uma cachaça, a diferença entre cachaça e aguardente, o que é cachaça de cabeça, o que é o coração da cachaça entre diversas outras curiosidades.

Após a oficina, terminamos com delicioso  almoço ou  jantar (a escolher) onde saboreia-se autenticas receitas de fazenda paulista, servido junto ao fogão à lenha em restaurante de ambiente aconchegante, aprazível e charmoso, que pode ser embalado ao som de musica de sua escolha (mpb, regional, sertanejo, internacional), opcional.

Programação:

. Visita ao alambique
. Oficina da Cachaça
. Almoço ou Jantar com menu tipico de fazenda paulista com musica ao vivo.

Incluso no preço:

. Petiscos, cachaças puras e caipirinhas na oficina da cachaça.
. Almoço ou Jantar: menu de fazenda paulista.
. Cervejas, água, coca-cola, guaraná (normal e light)
. Sobremesas rurais: doce de leite, doce de abóbora, bolinho de cachaça.

Duração: 4 horas

A Oficina da Cachaça permite o conhecimento sobre todas as etapas da produção artesanal, sendo possível vivenciar todo processo, desde a moagem até o envelhecimento. Nessa fase o visitante irá experimentar o caldo de cana, a rapadura, a cana em natura, até chegar a degustação de bebidas feitas com cachaça preparadas por bartender, acompanhadas de petiscos saborosos de fazenda.

INFORMAÇÕES E RESERVAS POR TELEFONE OU E-MAIL
e-mail: info@atibaiaturismo.com.br
Tel: (11) 4413-4498 - 9654-2942

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

De Salinas para o mundo

Sete décadas depois do início da produção de cachaça em Salinas, um paulista invade o Norte de Minas com a promessa de profissionalizar a cadeia produtiva e fazer com que o produto conquiste os quatro cantos do mundo. Proprietário de uma distribuidora de bebidas em Campinas (SP), o que lhe garante acesso ao mercado, Carlos Sebastião Andriani adquiriu três importantes marcas de cachaça mineira, uma fazenda e uma fabriqueta tendo como objetivo disseminar a venda da autêntica cachaça de Salinas em São Paulo (maior mercado consumidor do produto) e no exterior. O investidor mantém contato com representantes dos Estados Unidos, China, França e Angola e pretende iniciar, até o fim do ano, a venda dos primeiros lotes.

Investidor paulista quer representar pelo menos 56 rótulos de cachaças artesanais de Minas Carlos Sebastião Andriani compra três marcas, uma fazenda e uma fabriqueta na cidade, inicia contato no exterior

Pedro Rocha Franco - Publicação: 18/08/2012


O acesso ao mercado estrangeiro era considerado o principal empecilho para que os produtores da região conseguissem exportar a cachaça. Por enquanto, apenas um rótulo artenasal originário de Salinas é vendido em escala razoável para o exterior. Com isso, a abertura das portas pode ser o primeiro passo para que outras marcas também se beneficiem da chegada do investidor. Outro ponto tido como problemático para que fossem firmados contratos de médio e longo prazo é a falta de estabilidade na safra da cana-de-açúcar. Neste ano, a forte seca reduziu entre 30% e 40% a produção dos canaviais. “A nossa dificuldade era ter acesso a outros mercados. Agora, acho que vamos abrir as portas da exportação e ressuscitar pequenos produtores de cana que desistiram”, afirma o presidente da Associação dos Produtores Artesanais de Cachaça de Salinas (Apacs), Nivaldo Gonçalves das Neves.

O investidor paulista adquiriu as marcas Beija-flor, Salivana e Paladar, além da indústria da Erva-Doce e a fazenda onde era fabricada a Indaiazinha, por cifra que prefere manter em segredo. Ele deve também criar a marca Iê. Mas pretende representar mais de uma dezena das 56 marcas da região de Salinas em sua distribuidora. Para isso, terá 73 pontos de distribuição apenas na capital paulista e pessoalmente deve fazer o contato com representantes de governos estrangeiros e investidores.

No início do ano, o maior produtor de rum da China visitou Salinas, e até o fim do ano Andriani deve seguir para o Oriente para tentar firmar o acordo de exportação. Mas ele adianta que as primeiras parcerias devem ser fechadas com norte-americanos e franceses. A expectativa é de que ainda esse ano se inicie a venda da cachaça artesanal de Salinas para os dois países. “A distribuição é o calcanhar de aquiles de Salinas”, adverte o investidor, que vê potencial principalmente no comércio de garrafas mais sofisticadas.

Apesar de buscar a profissionalização de parte da cadeia produtiva da cachaça de Salinas, Andriani garante que manterá a forma de produção artesanal, como modo de garantir a qualidade e o status do produto. O liquido é mantido por dois anos, em média, em barris de madeira de umburana, bálsamo, jequitibá-rosa e carvalho francês. Até carros de boi são usado na produção. “Foi isso aqui que deu status à cachaça brasileira. Antes era pinga. E, para trabalhar com artesanal, é preciso respeitar as origens”, afirma. Outro fator importante para que seja preservada a fórmula é que no mês passado o Instituo Nacional de Produção Industrial (INPI) concedeu o título de indicação geográfica à cachaça produzida em Salinas, mas para que a marca o receba, é preciso respeitar alguns métodos de preparo.

Titulação

A confirmação do título de indicação geográfica aos produtores de cachaça na região de Salinas deu maior ânimo também ao paulista. Andriani acredita que, com o tempo, ocorrerá o mesmo processo de reconhecimento de qualidade que obteviveram e o conhaque e o champanhe na França. Os dois são característicos de duas regiões francesas (Cognac e Champagne) e, com a indicação geográfica, os rótulos fabricados nessas regiões passaram a ser procurados pelo nome da localidade. “Com o passar dos anos e a difusão do título, as pessoas dirão nos bares: ‘Quero tomar uma Salinas’. Aí o garçom vai apresentar as garrafas feitas na região. É como pedir um champanhe”, vislumbra o investidor.

Além disso, a abertura de novos mercados para o setor artesanal fora de Minas deve permitir que se interrompa o ciclo ocioso de produção. Atualmente, as fábricas trabalham quase 40% abaixo do limite de rendimento. Sem a necessidade de novos investimentos nessas unidades, a expectativa da Apacs é de que, nos próximos dois anos, o volume produzido atinja o limite. A única medida necessária para isso é o aumento de 200 hectares nos canaviais, o que dá apenas oito hectares por produtor. Com isso, a expectativa é de que o volume produzido aumente 2 milhões de litros por ano, atingindo 7 milhões de litros ao ano em 2014.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

VIII Concurso de Cachaça de Alambique - UNESP

No dia 29 de setembro de 2012 foi realizado o VIII Concurso de Cachaça de Alambique no Centro de Pesquisa da Cachaça da UNESP Araraquara.

O Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP/Araraquara, promoveu em parceria com o Sindicato Rural de Araraquara e o Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa do Estado de São Paulo (SEBRAE-SP) o VII Encontro da Cadeia Produtiva de Cachaça e o VIII Concurso de Cachaça de Alambique".

O Encontro teve o objetivo de capacitar os produtores de cachaça e assim melhorar a qualidade do produto final, criando um elo entre os detentores de tecnologia, do conhecimento de serviços, no caso a universidade, e os que necessitam aprender novas tecnologias, no caso os micro e pequenos produtores de cachaça.

Nesta edição foram abordados aspectos relacionados ao planejamento do plantio da cana de açúcar, controle da fermentação e da destilação, além do Encontro AgroSebrae, que proporcionou ao produtor um momento de troca de experiências, contatos profissionais e pessoais, além de um aprendizado na área de marketing.

Nesta ocasião. ao final deste encontro foram premiadas as melhores cachaças de alambique. Neno Campanari recebeu um troféu pelo 1ª lugar na categoria cachaça descansada.

A cachaça Campanari é produzida desde 1932 na região das águas paulista em Monte Alegre do Sul, São Paulo, pela família Campanari. É uma cachaça especial produzida em alambique de cobre com fermentação a base de milho e descansada em tonéis de carvalho, deixando um paladar marcante e aroma singular. Antonio Sérgio (Neno) Campanari está a frente da produção da cachaça que é muito apreciada na região e no estado. 

A sua produção diária é uma média de 35 litros, totalizando cerca de mil litros por mês. As vendas acontecem no próprio sítio, para os turistas que visitam o alambique e querem conhecer como se faz uma pinga artesanal. Premiada nos últimos concursos nacionais de cachaça promovidos pela Universidade de São Paulo (o Concurso de Qualidade da Cachaça, dentro do evento Brazilian Meeting on Chemistry of Food and Beverages) e também em recentes concursos paulistas de cachaça pela UNESP, a pinga artesanal é uma das mais antigas de Monte Alegre do Sul. Produzida desde 1932 pelo avô de Neno, o italiano Luigi Campanari, a receita acabou sendo repassada para vários descendentes, que montaram outros alambiques na região. As fotos dessa saga familiar estão na simpática lojinha, que expõe barris de carvalho.

Onde fica: Estrada de Monte Alegre do Sul, bairro dos Limas-Barra; (19) 3899-2583

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Alambiques de SP buscam melhorar a imagem

Em mercado dominado pelos mineiros, os produtores paulistas querem mostrar que fazem cachaça boa.


Tonéis para envelhecimento da Cachaça Elisa
Divulgação: Cachaça Elisa

São Paulo perdeu a fama de produtor de café bom porque a cultura ficou reduzida no estado, em quantidade e qualidade. Minas Gerais leva a fama, com toda justiça. São Paulo perdeu a fama de produtor de cachaça de qualidade, justamente enquanto virava um mar de cana. Minas leva a fama também. Mas aqui justiça seja feita: o interior paulista tem "branquinha" que não dá ressaca.

Falta o apreciador saber disso. É como no café. O simples consumidor bebe qualquer coisa e nem liga para a procedência. Já o apreciador sabe que o café mineiro é o melhor.

Na cachaça de alambique, a maioria pede uma marca mineira também. E até o iniciante ou curioso pede uma de lá, quando não indicada pelo garçom.

É nesse contexto de branding que os produtores paulistas de aguardente de qualidade querem aparecer mais. Construir uma imagem associada ao produto paulista, em um mercado regional mais conhecido pela bebida industrializada, classificada no meio como de "coluna".

No âmbito da Associação Paulista dos Produtores de Cachaça de Alambique (APPCA) ninguém desconhece que esse trabalho levará tempo. "Qualidade temos, reconhecimento também temos de algumas marcas premiadas, mas estamos muito atrasados mercadologicamente", diz o presidente Reinaldo Annicchino, para quem o atraso é em relação aos mineiros.

Não é uma questão de duelar com a concorrência. Trata-se de seguir um exemplo iniciado em Minas há 15 anos e aceitar que em um setor pequeno, ainda que em ascensão, abrir espaço em meio a um market share de origem dominado por várias marcas – algumas campeãs – exigirá um esforço redobrado.

AGREGAÇÃO DE MARCAS

O desafio, na opinião de outro produtor, Christian Johnson, é mais união e agregação de valor na qualidade da origem, não apenas em marcas comerciais individualmente. Isso teria que passar por cima dos egos dos produtores, que acabam disputando entre si qual faz a melhor cachaça.

"Tem muita marca. Na Escócia", exemplifica o dono da Cachaça Elisa, "milhares de produtores de uísque abandonaram suas marcas próprias e entregam seus produtos a associações que trabalham com poucas marcas". Algo já experimentado pela Coopercachaça, de Salinas, no norte de Minas.

Numa atividade que para alguns é hobby, para outros status, misturando na maioria dos casos tradição de gerações, deixar de ser visto individualmente é como profanar a boa pinga com groselha.

Mas esse conceito de unir sinergias comerciais e de marketing, ao invés de dispersar as forças e continuar no gueto, é algo comum em setores e em empresas. Mesmo os grandes não conseguem carregar custos de produtos sem escala durante muito tempo.

O alambique de Johnson, em Patrocínio Paulista, movido a 12 hectares de cana própria, tem capacidade para 400 mil litros por safra, mas está longe disso. Alcança 50 mil. Como também é o caso de Annicchino, presidente da APPCA. Sua Cachaça do Rei, nas versões envelhecida e pura, de Capivari, somam 15 mil litros atualmente, "mas poderia triplicar se houvesse mais comercialização".

Ficar correndo atrás de empórios gourmets, lojas diferenciadas, pontos de degustação – leia-se cachaçarias e botecos da moda – é o que resta para os produtores. Uma rede pequena demais de canais para dar vazao satisfatória para todos e, como já dito, que estão chegando com atraso.

Apesar de esperar mais do conjunto dos alambiqueiros - prova disso é que a entidade já chegou a 20 associados e hoje soma 13, com aproximadamente 500 mil litros de produção -, Reinaldo Annicchino igualmente tem esperança em dois pontos de apoio o setor em São Paulo.

IMAGEM E PREÇOS

Um é o trabalho de melhoramento com Universidade de São Paulo, campus São Carlos, que pode resultar em um Selo de Qualidade, e o outro é a retomada do apoio do Sebrae, abortado há alguns anos por conta de problemas internos na instituição de fomento.

A questão preço também acaba sendo um obstáculo para a pinga de alambique ganhar mais balcão. Algumas são vendidas ao consumidor a preço de uísqe 12 anos, como algumas mineiras mais conhecidas, como a Espírito de Minas ou Salinas.

Além da falta de padrão comercial e de mais concorrentes fortes, a carga tributária impõe um custo de 34% ao produto artesanal. O presidente da APPCA afirma que a pinga "ruim" industrializada paga R$ 0,34 por litro de Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), contra R$ 2,90 da de alambique.

"Ninguém consegue entender", lamenta Annichino. A falta de isonomia deve ser porque a "caninha" popular tem produção absoluta muitíssimo superior - cerca de 70% dos 1,4 bilhão de litros, segundo cálculo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) – e seu processo produtivo a caracteriza como industrial de fato e de direito.

Números confiáveis só de exportação

O setor de cachaça no Brasil é terra de ninguém em termos de radiografia. Os únicos números confiáveis são de exportação, registrados oficial e obrigatoriamente. Mesmo os grandes grupos não abrem seus números, que dirá os milhares de micros e pequenos produtores. A informalidade corre solta também. Em número de marcas, fala-se de quatro a oito mil marcas, em cerca de 40 mil produtores. O Ibrac também estima um faturamento de R$ 7 bilhões anuais. No mercado externo, em 2011 o Brasil faturou US$ 17,3 milhões, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em 2102, até julho, foram exportados US$ 7 milhões, quase US$ 2 milhões a menos que no mesmo período do ano anterior.

A crise dos grandes compradores internacionais pode estar afastando os "pingaiadas", mas o obstáculo lá fora é quase a imagem e semelhança do que acontece aqui dentro com os alambiques de São Paulo.

Apesar da oficialização cachaça como bebida nacional e de algumas vitórias internacionais – Washington está para reconhecer como bebida genuinamente brasileira e uma empresa japonesa perdeu os direitos indevidos de explorar o nome cachaça no mundo – o produto está atrasado em relação à Tequila (México), Pisco (Chile) e Saquê (Japão).

O aguardente tem que romper a barreira do mercado e sair do domínio de poucos apreciadores. E, na maioria dos casos, vender no private label, que é o mercado de marca própria dos bons clientes, com exceção das grandes marcas industrializadas, como Ypioca e Sagatiba.

Christian Johnson já viu a sua Elisa levar a marca de um comprador nos Estados Unidos. Agora negocia com China, Bélgica e Estados Unidos, mas só o primeiro que manter a mesma identidade.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Pequena história da cachaça


O jornalista Rômulo Almeida é conhecido como um grande especialista no assunto e é dele esta pequena história da cachaça:

Os egípcios antigos dão o primeiro sinal. Curam várias moléstias, inalando vapor de líquidos aromatizados e fermentados, absorvido diretamente do bico de uma chaleira, num ambiente fechado.

Os gregos registram o processo de obtenção da ácqua ardens. A Água que pega fogo - água ardente, aparece nos registros do Tratado da Ciência escrito por Plínio, o velho, que viveu entre os anos 23 e 79 depois de Cristo. Ele conta que apanha o vapor da resina de cedro, do bico de uma chaleira, com um pedaço de lã. Torcendo o tecido obtem-se o Al kuhu.

A água ardente vai para as mãos dos Alquimistas que atribuem a ela propriedades místico-medicinais. Se transforma em água da vida. A Eau de Vie é receitada como elixir da longevidade.

A aguardente então vai para da Europa para o Oriente Médio, pela força da expansão do Império Romano. São os árabes que descobrem os equipamentos para a destilação, semelhantes aos que conhecemos hoje. Eles não usam a palavra Al kuhu e sim Al raga, originando o nome da mais popular aguardente da Península Sul da Ásia: Arak. Uma aguardente misturada com licores de anis e degustada com água.

A tecnologia de produção espalha-se pelo velho e novo mundo. Na Itália, o destilado de uva fica conhecido como Grappa. Em terras Germânicas, se destila a partir da cereja, o kirsch. Na Escócia fica popular o Whisky, destilado da cevada sacarificada.

No extremo Oriente, a aguardente serve para esquentar o frio das populações que não fabricam o Vinho de Uva. Na Rússia a Vodka, de centeio. Na China e Japão, o Sakê, de arroz.

Portugal também absorve a tecnologia dos árabes e destila a partir do bagaço de uva, a Bagaceira.
Os portugueses, motivados pelas conquistas espanholas no Novo Mundo, lançam-se ao mar. Na vontade da exploração e na tentativa de tomar posse das terras descobertas no lado oeste do Tratado de Tordesilhas, Portugal traz ao Brasil a Cana de Açúcar, vindas do sul da Ásia. Assim surgem na nova colônia portuguesa, os primeiros núcleos de povoamento e agricultura.

Os primeiros colonizadores que vieram para o Brasil, apreciavam a Bagaceira Portuguesa e o Vinho d'Oporto. Assim como a alimentação, toda a bebida era trazida da Corte.

Num engenho da Capitania de São Vicente, entre 1532 e 1548, descobrem o vinho de cana de açúcar - Garapa Azeda, que fica ao relento em cochos de madeiras para os animais, vinda dos tachos de rapadura. É uma bebida limpa, em comparação com o Cauim - vinho produzido pelos índios, no qual todos cospem num enorme caldeirão de barro para ajudar na fermentação do milho, acredita-se. Os Senhores de Engenho passam a servir o tal caldo, denominado Cagaça, para os escravos. Daí é um pulo para destilar a Cagaça, nascendo aí a Cachaça.

Dos meados do Século XVI até metade do Século XVII as "casas de cozer méis", como está registrado, se multiplicam nos engenhos. A Cachaça torna-se moeda corrente para compra de escravos na África. Alguns engenhos passam a dividir a atenção entre o açúcar e a Cachaça.
A descoberta de ouro nas Minas Gerais, traz uma grande população, vinda de todos os cantos do país, que constrói cidades sobre as montanhas frias da Serra do Espinhaço. A Cachaça ameniza a temperatura.

Incomodada com a queda do comércio da Bagaceira e do vinho portugueses na colônia e alegando que a bebida brasileira prejudica a retirada do ouro das minas, a Corte proíbe várias vezes a produção, comercialização e até o consumo da Cachaça.

Sem resultados, a Metrópole portuguesa resolve taxar o destilado. Em 1756 a Aguardente de Cana de Açúcar foi um dos gêneros que mais contribuíram com impostos voltados para a reconstrução de Lisboa, abatida por um grande terremoto em 1755.

Para a Cachaça são criados vários impostos conhecidos como subsídios, como o literário, para manter as faculdades da Corte.

Como símbolo dos Ideais de Liberdade, a Cachaça percorre as bocas dos Inconfidentes e da população que apoia a Conjuração Mineira. A Aguardente da Terra se transforma no símbolo de resistência à dominação portuguesa.

Com o passar dos tempos melhoram-se as técnicas de produção. A Cachaça é apreciada por todos. É consumida em banquetes palacianos e misturada ao gengibre e outros ingredientes, nas festas religiosas portuguesas - o famoso Quentão.
No século passado instala-se, com a economia cafeeira, a abolição da escravatura e o início da república, um grande e largo preconceito a tudo que fosse relativo ao Brasil. A moda é européia.
Em 1922, a Semana da Arte Moderna, vem resgatar a brasilidade nos campos literário e das artes plásticas. No decorrer do nosso século, o samba é resgatado. Vira o carnaval. Nestas últimas décadas a feijoada é valorizada como comida brasileira especial. A Cachaça ainda tenta desfazer preconceitos e continuar no caminho da apuração de sua qualidade.

Hoje, várias marcas de alta qualidade figuram no comércio nacional e internacional e estão presentes nos melhores restaurantes e adegas residenciais pelo Brasil e pelo mundo.

sábado, 25 de agosto de 2012

4ª Festa da Cachaça de Monte Alegre do Sul


19ª Festa do Morango e 4ª Festa da Cachaça de Monte Alegre do Sul ganham pavilhão de exposições
.
 
A Prefeitura Municipal de Monte Alegre do Sul e a Coca-Cola FEMSA Brasil promovem a 19ª Festa do Morango e 4ª Festa da Cachaça, nos dias 25 e 26 de agosto; 01, 02, 07, 08 e 09 de setembro. Com entrada gratuita e aberto das 10h às 18h, o tradicional evento no Circuito das Águas Paulista será transferido este ano da região central da cidade para um pavilhão especialmente projetado para receber os expositores, as atrações e o grande número de turistas que habitualmente prestigia a festa.
Localizado no Parque Ecológico do Camanducaia (bairro do Falcão, ao lado da Estrada Municipal Nelson Taufic Nassif), o recinto dispõe de área  coberta de 1.200 m² e área descoberta de 4.033 m², divididas por setores como:

boxes para comercialização do morango in natura, compotas e licores; barracas para comercialização de mais de 40 tipos de doces produzidos pelas doceiras do município; box para degustação e comercialização de cachaça e derivados; parque de diversões; praça de alimentação com restaurante e boxes para venda de lanches, doces e bebidas; palco para apresentação de shows e grupos culturais; mini-alambique e plantio de morango para visitação; e exposição de mini-pôneis, há ainda uma área de estacionamento com cerca de 8.000 m².

“A Festa do Morango e da Cachaça é uma importante parceria com a Prefeitura de Monte Alegre do Sul e está alinhada com os nossos objetivos de incentivar e valorizar tradicionais eventos turísticos e culturais nas regiões atendidas pelo grupo”, afirma Luiz Fernando Sardinha, diretor comercial da Coca-Cola FEMSA Brasil, maior engarrafadora de Coca-Cola do mundo em volume de vendas e distribuidora do portfólio de cervejas da Cervejaria Heineken.

“O evento atrai anualmente uma grande população de visitantes e turistas em busca de lazer e diversão, que devem ficar satisfeitos com todos os serviços e produtos oferecidos. Por isso, buscamos o apoio da Coca-Cola FEMSA Brasil na realização da tradicional festa do município”, enfatiza Carlos Alberto Aparecido de Aguiar, prefeito de Monte Alegre do Sul.  Em Monte Alegre do Sul foram realizados os primeiros plantios de morango no Estado de São Paulo.

A Festa do Morango, criada em 1994, procurou valorizar esse vínculo histórico e ajudou a alavancar a produção da fruta na região, contribuindo ainda para projetar o nome do município no cenário turístico nacional. No evento, além da presença de produtores que expõem e vendem variedades de morango, é possível encontrar uma grande diversidade de derivados da fruta, produzidos e comercializados por doceiras da cidade.

Em relação à cachaça, Monte Alegre do Sul possui 57 alambiques artesanais, responsáveis por uma produção anual da ordem de 500 mil litros da bebida. A cidade tornou-se produtora de cachaça a partir de 1905, quando os italianos trouxeram seus conhecimentos nesse segmento para a região. O método para destilar a bebida é o mesmo de antigamente, em alambiques de cobre e com fermento natural.

Desde 2003 existe a Aprocamas (Associação dos Produtores de Cachaça de Monte Alegre do Sul e Região) e em 2009 foi criada a Festa da Cachaça, para exposição e venda do produto e derivados.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Cachaça Brisa

Produzida na cidade de Monte Alegre do Sul (no coração da Serra da Mantiqueira) encravada nas montanhas entre São Paulo e Minas Gerais, no Circuito das Aguas mais puras deste nosso Brasil.

A Cachaça Brisa tem o prazer de convidá-los para o seu novo lançamento: uma nova família de cachaça, sendo: uma envelhecida em toneis de Balsamo, madeira tipicamente brasileira e outra descansada em dornas de aço inoxidável.

Esta nova família, além de seguir um padrão de altíssimo nível de qualidade com baixo teores de congêneres, vem para valorizar o que é nosso, o nosso país, o Brasil.


Vá visitá-los a partir do dia 7 de setembro de 2012 e degustar os seus novos produtos.

Brisa da Serra Indústria, Comércio, Importação e Exportação de Bebidas Ltda.
Av. Deputado Narciso Pieroni, 588 - Distrito das Mostardas - Monte Alegre do Sul - SP Fone: +55 19 3899-2940 - www.cachacabrisa.com.br

sábado, 11 de agosto de 2012

Destilados com toque de exclusividade

Bebidas destiladas andam em alta e ganham requinte e luxo em seu modo de produção, com direito a águas cristalinas, tonéis especiais e até mesmo receitas seculares (Cynthia Pastor  Redação Comunidade VIP)

Obtidos a partir da destilação do mosto fermentado, os destilados são bebidas que geralmente possuem teor alcoólico entre 38 a 54° GL, e são elaboradas à base de grãos e frutas em várias partes do mundo. No Brasil, a aguardente feita do mosto de cana-de-açúcar é o destilado nacional mais conhecido. Na Escócia o uísque, na França o conhaque e os calvados, na Rússia e na Polônia as vodcas, e há ainda uma infinidade multicultural com bebidas como rum (Cuba, Jamaica, Barbados), tequila (México), gim (Inglaterra), steinheger (Alemanha), ouzo (Grécia), slivovice (Tchecoslováquia), entre outros.

Algumas marcas elaboram destilados com toque de exclusividade como é o caso da Vodka Super-premium Belvedere, marca de luxo do grupo LVMH. Feita com águas cristalinas de poços artesianos próprios e centeio da cidade de Dankowskie, na Polônia, a super-premium segue uma receita artesanal tradicional de mais de 600 anos. Duplamente filtrada em carvão, a vodca tem pureza, personalidade e tradição, 40% de teor alcoólico, notas de baunilha e textura superior.

Recentemente a Vodka Super-premium Belvedere recebeu o prêmio Vodka Masters, promovido todos os anos pelo jornal The Spirits Business, em oito categorias. As escolhas são realizadas em degustações às cegas. Todas as vodkas do portfólio Belvedere foram medalhistas, incluindo as novas Intense, Belvedere IX e Black Raspberry, na categoria ouro. A Belvedere IX, por sinal, que é um lançamento da marca, foi premiada pelo design e embalagem inovadora. Elaborada com um blend de nove ingredientes, ela vem em uma garrafa negra, com um grafite inovador feito pelo artista André Saraiva, seguindo a linha Luxury Reborn. O preço sugerido da Belvedere IX é de R$ 550.

Tequila de luxo

A multinacional francesa Pernod Ricard lançou as sofisticadas tequilas mexicanas Tezón e Olmeca. Direcionada ao mercado de luxo, a primeira é feita 100% de agave, e a segunda, é a única de sua categoria envelhecida em barris de carvalho.

A tequila Super Premium Tezón Reposado é uma raridade feita de agave azul, o que garante a pureza e sofisticação, sendo a única produzida artesanalmente a partir de uma receita original existente há mais de 500 anos. A bebida tem ainda pronunciadas notas de tangerina e lima com adição de sal oceânico e um final amadeirado. Na boca é leve, multifacetada e suave, com sabor apimentado e com um toque de baunilha levemente doce.

O nome Tézon vem de um mineral das regiões indígenas e vulcânicas, conhecido localmente como Tezontle, onde é extraída a Tahona, utilizada para macerar o agave obtido nas regiões altas de Jalisco, no México. Após ser macerado, o líquido extraído do agave junto com as fibras da planta passa por uma destilação em tonéis de cobre para obtenção de uma tequila cristalina. Em seguida, o líquido é armazenado e envelhecido em barris de carvalho de oito a dez meses, tempo superior aos mínimos exigidos para garantir a qualidade da tequila. O envelhecimento da bebida acrescenta um caráter de baunilha sem descaracterizar o sabor do destilado mexicano.

A garrafa da Tezón é um exemplo do luxuoso e contemporâneo artesanato mexicano. Sua lateral traz ícones que fazem referência ao processo de produção da tequila, como fogo, agave, tahona e água. Apenas 360 garrafas chegarão ao Brasil e estarão à venda em delicatessens e empórios como o Santa Maria e Bacco, em São Paulo, e Garrafeiro e Lidador, no Rio de Janeiro, com preço sugerido de R$ 180.

Já a Premium Olmeca nas versões Reposado e Blanco (Prata) é produzida em Arandas, no México, na destilaria Boutique Colonial de Jalisco. A tequila é destilada duas vezes em destiladores de cobre para obtenção de uma bebida mais pura. O nome e a garrafa fazem alusão a um ícone original inspirado nos símbolos herdados da antiga civilização Olmeca.

Única tequila da categoria amadurecida em barris de carvalho, a Olmeca tem aroma frutado doce, grapefruit, toque defumado ligeiramente amadeirado.
Recomenda-se tomar a Olmeca Reposado em shots, pura, com limão ou laranja. Já a Olmeca Blanco, é engarrafada após a destilação, tem sabor adocicado, ligeiramente defumado e cítrico, e é recomendada em shots ou para drinks.

domingo, 22 de julho de 2012

Barris de Carvalho

Na produção da cachaça, o processo de destilação varia do artesanal – em alambiques de cobre e envelhecimento em tonéis de madeira – às gigantescas colunas de aço inox utilizadas nas indústrias para produção em larga escala. “Algumas dessas indústrias estão mais preocupadas com o volume de produção e não conseguem controlar a qualidade do sabor, por isso as de alambique são mais requintadas”.

É o tipo da madeira que confere o “bouquet”, ou seja, o aroma à cachaça, e também pode interferir na sua cor. As jovens costumam ser límpidas, chamadas no mercado de pratas, e as versões ouro são envelhecidas em tonéis de madeiras mais marcantes. É tudo uma questão de gosto. O carvalho é característico e inconfundível, deixando a bebida com um amarelo-escuro e com notas de baunilha.

Especialistas são unânimes ao dizer que o cobre influi no sabor da bebida, mas a parte fundamental do processo é o período de descanso da bebida e seu envelhecimento. O líquido fica em repouso em tonéis de madeira, onde a troca de gases regula a acidez da bebida, responsável por provocar o ardor na boca.

O período de repouso pode variar de seis meses a um ano e meio para as cachaças chamadas jovens ou até doze anos para as envelhecidas.

Envelhecimento da aguardente e cachaça

A aguardente de cana e cachaça recém-destilada, de coloração branca, apresenta um sabor agressivo e levemente amargo. O envelhecimento, além de melhorar o aroma e o sabor, pode modificar a coloração, de branca para amarelada, e tornar a bebida macia, aveludada, atenuando a sensação secante do álcool. O envelhecimento em tonéis de madeira é mais recomendável. A madeira internacionalmente admitida como sendo a melhor para bebidas é o carvalho, seja de origem francesa ou americana.

As condições climáticas sugeridas para o envelhecimento são: o uso de local fresco, com temperatura entre e 20 °C, umidade relativa de 70 a 90%, e com arejamento adequado.

O envelhecimento em tonéis de madeira é considerado uma das etapas mais importantes no processo de fabricação da aguardente de cana e cachaça, No Brasil ainda é considerada etapa opcional pela Legislação Brasileira. Esta, define cachaça envelhecida como a bebida que contém, no mínimo, 50% de cachaça ou aguardente de cana envelhecida em recipiente de madeira apropriado, por um período não inferior a um ano, podendo ser adicionada de caramelo para a correção da cor.

A realização de blend’s, ou misturas entre bebidas envelhecidas e bebidas recém destiladas, é um procedimento tradicionalmente empregado por tradicionais produtores de várias regiões do mundo, chegando inclusive a ser um diferencial entre uma ou outra marca de destilado.

O recipiente para o envelhecimento da aguardente deve ter capacidade máxima de 700 litros. O envelhecimento de bebidas consiste em armazená-las adequadamente em barris de madeira por um tempo determinado, ação que produz mudanças na composição química, no aroma, no sabor e na cor da bebida e, portanto, na qualidade sensorial. Durante o envelhecimento ocorrem inúmeras transformações, incluindo as reações entre os compostos secundários provenientes da destilação, a extração direta de componentes da madeira, a decomposição de algumas macromoléculas da madeira e sua incorporação à bebida e ainda as reações de compostos da madeira entre si e com os componentes originais do destilado.

Diferentes estudos já demonstraram que o envelhecimento da aguardente de cana em tonel de carvalho promove o aumento da aceitação e mudanças favoráveis no perfil sensorial. Com o decorrer do tempo de envelhecimento, novas características sensoriais são desenvolvidas, como aroma e sabor de madeira, aumento da intensidade e duração da doçura, coloração amarela e a diminuição significativa da agressividade e do aroma e sabor alcoólico.

O carvalho é uma madeira importada e seu custo torna-se dispendioso ao setor produtivo da aguardente de cana e cachaça envelhecida. A aguardente envelhecida apresenta aspecto, cheiro, cor, gosto e sabor de melhor qualidade. Por isso e pelo seu maior custo de produção, seu preço no mercado também é maior. É evidente que a aguardente envelhecida será de alta qualidade sensorial se apresentar esta característica quando nova. Uma aguardente de baixa qualidade continuará ruim após o envelhecimento. O período mínimo para o envelhecimento deve ser de doze meses.

O envelhecimento da cachaça por 48 meses em carvalho, demonstra que a aceitação da bebida tem aumento crescente para atributos como: cor, aroma, impressão global. Após este período em tonel de carvalho, a cachaça apresenta aroma de madeira, doçura inicial e residual, aroma de baunilha, coloração amarela, gosto inicial e residual de madeira pronunciados, sabor inicial e residual de álcool, significativamente inferior às obtidas com o tempo de envelhecimento inferior e submetido à mesma análise.

O tempo de armazenamento ideal deve variar de acordo com as características do barril (tipo de madeira, idade e tamanho) e com as condições ambientais do local de armazenamento (temperatura e umidade). Não é correto dizer que a bebida melhora de qualidade indefinidamente com o tempo de armazenamento. Quanto maior o tempo de contato do destilado com a madeira, maior será a extração de componentes, que, em excesso, podem incorporar um sabor amargo à bebida. O contato exagerado com a madeira também pode acarretar um aumento indesejável da acidez volátil, dependendo das condições do barril ou tonel.

Barris de Carvalho Francês

Utiliza-se o carvalho séssil (Quercus sessilis), considerado superior aos demais pelo seu grão fino e abundante oferta de componentes, tais como baunilha e seus derivados, taninos, fenóis e aldeídos voláteis. Os taninos são sedosos, transparente e transmitem uma sensação de doçura combinada com sabores de frutas delicadas que persistem na boca. Aprecia-se notas de especiarias e amêndoas torradas, combinados com sabores de frutos vermelhos maduros e notas de pêssego, frutas exóticas e aromas florais como jasmim e rosa. Os bosques de carvalho francês são certificados com a norma do PEFC.

Barris de carvalho americano

O carvalho branco norte-americano (Quercus alba) ganhou aceitação considerável nos países maiores produtores de vinho. Ao contrário do carvalho francês, o qual aproveita apenas 20 a 25% do carvalho, o maericano pode ser serrilhada, tornando-o mais acessível. Liberação de oxidação mais acentuada e mais rápida de aromas ajuda bebidas a perder a sua adstringência e dureza mais rapidamente, o que torna a madeira favorita para períodos menores (6 a 10 meses).

 Madeira interage harmoniosamente, proporcionando uma ampla variedade de aromas complexos, taninos suaves e atraentes. O bouquet é leve, com aromas de madeira, cravo, rapé, torradas e café torrado, combinados com aromas de framboesa, amora e groselha.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Aguardente da Lourinhã

Surgida há 30 anos, a Aguardente DOC Lourinhã é produzida na única região demarcada para aguardente em Portugal e goza de uma qualidade que a coloca a par das aguardentes francesas das regiões de Cognac e de Armagnac, tidas como as melhores aguardentes da Europa. Eis a sua história...

Foi a 7 de março de 1992 que a única Região Demarcada de Aguardentes Vínicas em Portugal se definiu na Lourinhã por decreto-lei, num intuito de promover e obter aguardentes velhas de elevada qualidade. Esta região vitícola, única então com direito a produzir aguardente com Denominação de Origem Controlada Lourinhã, encontra-se entre Torres Vedras e Peniche e abrange todas as freguesias do concelho da Lourinhã, a freguesia de Campelos em Torres Vedras, Olho Marinho em Óbidos, Vale Covo em Bombarral, Atouguia da Baleia e Serra d’El Rei, estas no concelho de Peniche.

Para elaborar o “sumo” que dará origem à aguardente, recomenda-se a utilização das castas brancas Alicante, Alvadurão, Broal Espinho, Marquinhas, Malvásia Rei (Seminário) e Tália, e da casta tinta Cabinda. No entanto, também estão autorizadas as castas brancas Cercial, Fernão Pires, Rabo de Ovelha, Síria (Roupeiro), Seara Nova e Vital, e as tintas Carignan, Periquita e Tinta Miúda. A cultura da vinha também obedece a determinadas regras: os pés devem estar divididos por estremas, em forma baixa, em taça ou cordão, e as práticas utilizadas serão as tradicionais na região e as recomendadas pela Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVRL).

Colhidas e esmagadas as uvas, os vinhos a destilar são elaborados em adegas inscritas na CVRL e o teor alcoólico máximo em volume natural não pode exceder os 10º, sem adição de conservantes artificiais. Depois, a destilação pode ser efetuada por sistema contínuo em coluna de cobre, ou por sistema descontínuo em alambique de cobre, e o seu teor alcoólico não poderá exceder 78% no primeiro caso e 72% no segundo caso. Finalmente, o envelhecimento realiza-se em barris de carvalho e castanho com uma capacidade de até 800 litros, durante um mínimo de sete anos. Como se pode ver, há sempre regras rígidas a seguir para se obter o melhor resultado!
A produção de tão sublime aguardente (o preço de uma garrafa oscila entre os 30 e os 60 euros) está ligada à Adega Cooperativa da Lourinhã, única com instalações e tecnologia para vinificação, destilação, envelhecimento e engarrafamento desta bebida, e cuja produção atinge as oito mil garrafas por ano.

Merece também referência a Colegiada de Nossa Senhora da Anunciação, constituída em março de 2004 com fins semelhantes ao de uma confraria, que dedica todo o seu empenho à promoção e divulgação desta aguardente através de obras literárias e técnicas, encontros e seminários, entre outras iniciativas. Como curiosidade, no juramento de entronização, os confrades reconhecem a aguardente como "elemento promotor da fraternidade entre os homens"…

Bagaceiras e Aguardentes de Vinho

Em Portugal, a produção de bebidas espirituosas a partir da destilação do vinho e do bagaço perde-se na penumbra da história. Mais popular, a aguardente bagaceira - ou, como também é conhecida, o “bagaço” - é o resultado da destilação das partes sólidas (o bagaço ou engaço) que resultam da prensagem das uvas. São as películas e as grainhas das uvas, carregadas de óleos essenciais, que emprestam às bagaceiras aromas e sabores típicos e muito acentuados, apreciados por consumidores mais identificados com a tradição.

As características das aguardentes bagaceiras dependem de vários factores, a começar pelo método de destilação utilizado, mais caseiro ou mais industrial, e a terminar na qualidade das uvas e das castas utilizadas. Entre os “segredos” para a obtenção de boas bagaceiras está o manejo de proporções adequadas de películas de uvas, de grainhas e de caules, e, naturalmente, o uso de matéria-prima de boa qualidade e com características organolépticas mais apropriadas para a produção de aguardentes.

A destilação do bagaço produz uma aguardente incolor, mas, muitas vezes, o produto é melhorado com estágio em cascos de madeiras nobres, como o carvalho, dando-lhe colorações de mel mais ou menos acentuadas, daí resultando classificações conforme o tempo de envelhecimento. O teor alcoólico das aguardentes bagaceiras ronda os 40 por cento.

A aguardente vínica resulta da destilação do vinho e é, comparada com a bagaceira, um produto mais sofisticado, com aromas e sabores menos fortes e mais equilibrados. Criada a partir de vinhos de qualidade, a aguardente vínica portuguesa ostenta qualidades aromáticas e sápidas que a tornam capaz de ombrear com as mais caras e conceituadas bebidas espirituosas, transportando toda a tipicidade das grandes castas nacionais.

As aguardentes de vinho, incolores logo após a destilação, são habitualmente sujeitas a envelhecimento em casco de madeira nobre, ganhando com isso maior suavidade, tonalidades de caramelo e mais complexidade de sabores e aromas. Com uma percentagem de álcool um pouco mais baixa, em média, do que as bagaceiras, as aguardentes vínicas têm classificações que variam consoante o tempo de envelhecimento, que pode variar entre o mínimo de dois a seis anos.

A maior acidez dos vinhos e dos bagaços da região dos vinhos verdes tem sido apontada como argumento para a obtenção de excelentes aguardentes, tanto bagaceiras como vínicas. Mas a grande variedade de castas portuguesas permite elaborar aguardentes e bagaceiras mais ou menos macias, mais ou menos aromáticas, capazes de satisfazer gostos muito diferentes.

sábado, 21 de abril de 2012

As melhores Bebidas Alcoólicas com Café

Duas cervejas e quatro destilados que levam café na composição para uma avaliação da nova onda do setor de bares. 14.02.11Fotos Illyquore e Mistura Clássica Divulgação Fotos das Bebidas Ivan Padovani 
"A bebida deve se reinventar", resumiu o barman Pereira, um dos convidados da Espresso para degustar seis bebidas com café lançadas no mercado. É por isso que a cada dia surgem novidades, como estas selecionadas pela nossa equipe. Além do Pereira, chefe de bar premiado dos paulistanos Astor e SubAstor, participou da experiência o especialista em charutos e bebidas Cesar Adames.
Para a seleção, foram consideradas bebidas que têm o café como ingrediente, ou seja, na composição. Há também no mercado bebidas alcoólicas com notas de café, como grande parte das cervejas stout. Essas notas, no entanto, afloram com a torra do malte e não com a adição do produto na bebida, mesmo que em algumas delas seja evidente o aroma e sabor característicos do grão.
A seleção foi diversificada e traz três famílias de bebidas: duas fermentadas, uma cerveja stout e uma porter, ambas da família das ales e de produção nacional; dois licores, um italiano e um norte-americano; uma tequila mexicana e uma cachaça brasileira. Todas foram degustadas geladas e, depois, em temperatura ambiente. A ordem foi definida pelo teor alcoólico, do menor grau para o mais alto. E para uma maior uniformização, foram utilizadas taças de vinho de boca larga.
Os especialistas convidados nos ensinaram alguns segredos para uma melhor avaliação. Ao apreciar o aroma, por exemplo, a técnica não é a mesma utilizada no café ou no vinho, em que se aspira profundamente do copo. Pelo alto teor alcoólico de algumas das amostras, é sugerido usar a "técnica do cachorrinho", explica Cesar, brincando, mas falando sério: dar duas aspiradas rápidas e afastar o copo. Outra dica foi avaliar as bebidas em temperaturas diferentes. O licor illyquore, que obteve a melhor avaliação da mesa, foi preferido na temperatura ambiente. Já o licor Kahlúa, mais adocicado, é mais apreciado bem gelado. A cerveja Demoiselle, outro destaque, foi bem avaliada do começo ao fim.
Em geral, quanto menos gelado, mais se percebem as nuances da bebida. E com uma graduação menor de álcool também, as sutilezas afloram. A tendência foi aprovada e nós torcemos por ver mais opções no varejo e novidades nos modernos bares paulistanos. Confira a seguir as principais características e a avaliação sensorial de cada uma das bebidas e boa degustação!

Demoiselle
Cerveja porter, da família das ales, com café da Alta Mogiana (SP). O grão é torrado e moído pela própria cervejaria e adicionado à cerveja por um processo de infusão a frio. Com alto teor alcoólico - o das pilsen gira em torno de 4,5% -, possui um bom aroma de café, sabor adocicado, é encorpada e o aftertaste perdura de forma prazerosa.
Tipo: cerveja
Volume: 600 ml
Álcool: 6%
Ingredientes: água, malte de cevada, café, lúpulo e fermento
Preço: R$ 9,75 (pelo site)
Origem: Cervejaria Colorado - Ribeirão Preto (SP) - Brasil

Mistura Clássica Stout Café
Cerveja stout, dentre as ales, fabricada com aromas e sabores de café do Oeste da Bahia, da Fazenda Olinda. A cerveja passa por um amadurecimento mínimo de 30 dias e tem o teor de álcool ainda mais elevado que o comum. Com amargor marcante, apresentou aroma de mel, corpo espesso e aftertaste limpo.
Tipo: cerveja
Volume: 600 ml
Álcool: 7%
Ingredientes: água, malte, lúpulo, fermento natural, açúcar mascavo e café
Preço: de R$ 6,90 (na cervejaria) a R$ 15,30 (em bares)
Origem: Cervejaria Mistura Clássica - Volta Redonda (RJ) - Brasil

Kahlúa Coffee Liqueur
Licor de café arábica do México, da península de Yucatán, à base de rum. Produzido nos Estados Unidos, é indicado para apreciação puro ou nos clássicos coquetéis Kahlúa White Russian (com vodca e creme de leite) e Kahlúa Black Russian (com vodca). A bebida revelou uma doçura marcante no aroma e sabor, com notas de caramelo e baunilha, corpo muito espesso e aftertaste excessivamente doce.
Tipo: licor
Volume: 700 ml
Álcool: 20%
Ingredientes: destilado alcoólico retificado, açúcar e extrato natural de café
Preço: R$ 90,00
Origem: The Kahlúa Company - Arkansas - Estados Unidos (importado por Pernord Ricard do Brasil)
Mais informações: www.pernod-ricard.com.br

Illyquore
Licor à base do próprio blend illy, de café arábica de diversas regiões da América Central, Índia, África e, principalmente, Brasil. A bebida foi mais bem apreciada em temperatura ambiente, em que apresentou aroma e sabor agradável de café, doçura, corpo macio e aftertaste prazeroso. Sofisticada, foi considerada a bebida com a fórmula mais redonda da mesa.
Tipo: licor
Volume: 700 ml
Álcool: 28%
Ingredientes: extrato natural de café, álcool anidro, açúcar e água
Preço: R$ 65,00
Origem: illycaffè - Trieste - Itália (importado por Campari do Brasil)

Patrón XO Café
Blend mexicano de tequila branca premium e essência natural de cafés finos. As garrafas têm um design especial e são feitas à mão, em série numerada. O aroma é de carvalho, lembrando o de café com grappa; o sabor é característico de tequila e café; o corpo, de espessura média; e o aftertaste é doce, mas bom, momento em que mais aparece o café.
Tipo: tequila
Volume: 750 ml
Álcool: 35%
Ingredientes: não são informados na embalagem
Preço: US$ 17,27 (nos EUA)
Origem: The Patrón Spirits Company - México

Spirit Café Original
Aguardente de cana-de-açúcar composta com extrato natural de café. A bebida passa por uma maturação em tanque de no mínimo vinte dias. Dentre as cachaças, tem baixo teor alcoólico, o que pode agradar ao paladar feminino. A bebida mostrou aroma suave de álcool e café, sabor seco típico da bebida, corpo médio a leve e aftertaste delicado.
Tipo: cachaça
Volume: 700 ml
Álcool: 39%
Ingredientes: álcool, aguardente de cana-de-açúcar, extrato natural de café, aroma idêntico ao natural de café, aroma natural de baunilha, açúcar, corante caramelo
Preço: R$ 45,00
Origem: Grupo Octton - Sorocaba (SP) - Brasil
As bebidas estão na ordem de degustação e os preços referem-se aos meses de março/abril de 2010.