Surgida há 30 anos, a Aguardente DOC Lourinhã é produzida na única região demarcada para aguardente em Portugal e goza de uma qualidade que a coloca a par das aguardentes francesas das regiões de Cognac e de Armagnac, tidas como as melhores aguardentes da Europa. Eis a sua história...
Foi a 7 de março de 1992 que a única Região Demarcada de Aguardentes Vínicas em Portugal se definiu na Lourinhã por decreto-lei, num intuito de promover e obter aguardentes velhas de elevada qualidade. Esta região vitícola, única então com direito a produzir aguardente com Denominação de Origem Controlada Lourinhã, encontra-se entre Torres Vedras e Peniche e abrange todas as freguesias do concelho da Lourinhã, a freguesia de Campelos em Torres Vedras, Olho Marinho em Óbidos, Vale Covo em Bombarral, Atouguia da Baleia e Serra d’El Rei, estas no concelho de Peniche.
Para elaborar o “sumo” que dará origem à aguardente, recomenda-se a utilização das castas brancas Alicante, Alvadurão, Broal Espinho, Marquinhas, Malvásia Rei (Seminário) e Tália, e da casta tinta Cabinda. No entanto, também estão autorizadas as castas brancas Cercial, Fernão Pires, Rabo de Ovelha, Síria (Roupeiro), Seara Nova e Vital, e as tintas Carignan, Periquita e Tinta Miúda. A cultura da vinha também obedece a determinadas regras: os pés devem estar divididos por estremas, em forma baixa, em taça ou cordão, e as práticas utilizadas serão as tradicionais na região e as recomendadas pela Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVRL).
Colhidas e esmagadas as uvas, os vinhos a destilar são elaborados em adegas inscritas na CVRL e o teor alcoólico máximo em volume natural não pode exceder os 10º, sem adição de conservantes artificiais. Depois, a destilação pode ser efetuada por sistema contínuo em coluna de cobre, ou por sistema descontínuo em alambique de cobre, e o seu teor alcoólico não poderá exceder 78% no primeiro caso e 72% no segundo caso. Finalmente, o envelhecimento realiza-se em barris de carvalho e castanho com uma capacidade de até 800 litros, durante um mínimo de sete anos. Como se pode ver, há sempre regras rígidas a seguir para se obter o melhor resultado!
A produção de tão sublime aguardente (o preço de uma garrafa oscila entre os 30 e os 60 euros) está ligada à Adega Cooperativa da Lourinhã, única com instalações e tecnologia para vinificação, destilação, envelhecimento e engarrafamento desta bebida, e cuja produção atinge as oito mil garrafas por ano.
Merece também referência a Colegiada de Nossa Senhora da Anunciação, constituída em março de 2004 com fins semelhantes ao de uma confraria, que dedica todo o seu empenho à promoção e divulgação desta aguardente através de obras literárias e técnicas, encontros e seminários, entre outras iniciativas. Como curiosidade, no juramento de entronização, os confrades reconhecem a aguardente como "elemento promotor da fraternidade entre os homens"…
Blog que tem o objetivo de reunir informações interessantes a respeito da cachaça artesanal paulista, licores, bebidas destiladas, gastronomia e outras relacionadas.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
Bagaceiras e Aguardentes de Vinho
Em Portugal, a produção de bebidas espirituosas a partir da destilação do vinho e do bagaço perde-se na penumbra da história. Mais popular, a aguardente bagaceira - ou, como também é conhecida, o “bagaço” - é o resultado da destilação das partes sólidas (o bagaço ou engaço) que resultam da prensagem das uvas. São as películas e as grainhas das uvas, carregadas de óleos essenciais, que emprestam às bagaceiras aromas e sabores típicos e muito acentuados, apreciados por consumidores mais identificados com a tradição.
As características das aguardentes bagaceiras dependem de vários factores, a começar pelo método de destilação utilizado, mais caseiro ou mais industrial, e a terminar na qualidade das uvas e das castas utilizadas. Entre os “segredos” para a obtenção de boas bagaceiras está o manejo de proporções adequadas de películas de uvas, de grainhas e de caules, e, naturalmente, o uso de matéria-prima de boa qualidade e com características organolépticas mais apropriadas para a produção de aguardentes.
A destilação do bagaço produz uma aguardente incolor, mas, muitas vezes, o produto é melhorado com estágio em cascos de madeiras nobres, como o carvalho, dando-lhe colorações de mel mais ou menos acentuadas, daí resultando classificações conforme o tempo de envelhecimento. O teor alcoólico das aguardentes bagaceiras ronda os 40 por cento.
A aguardente vínica resulta da destilação do vinho e é, comparada com a bagaceira, um produto mais sofisticado, com aromas e sabores menos fortes e mais equilibrados. Criada a partir de vinhos de qualidade, a aguardente vínica portuguesa ostenta qualidades aromáticas e sápidas que a tornam capaz de ombrear com as mais caras e conceituadas bebidas espirituosas, transportando toda a tipicidade das grandes castas nacionais.
As aguardentes de vinho, incolores logo após a destilação, são habitualmente sujeitas a envelhecimento em casco de madeira nobre, ganhando com isso maior suavidade, tonalidades de caramelo e mais complexidade de sabores e aromas. Com uma percentagem de álcool um pouco mais baixa, em média, do que as bagaceiras, as aguardentes vínicas têm classificações que variam consoante o tempo de envelhecimento, que pode variar entre o mínimo de dois a seis anos.
A maior acidez dos vinhos e dos bagaços da região dos vinhos verdes tem sido apontada como argumento para a obtenção de excelentes aguardentes, tanto bagaceiras como vínicas. Mas a grande variedade de castas portuguesas permite elaborar aguardentes e bagaceiras mais ou menos macias, mais ou menos aromáticas, capazes de satisfazer gostos muito diferentes.
As características das aguardentes bagaceiras dependem de vários factores, a começar pelo método de destilação utilizado, mais caseiro ou mais industrial, e a terminar na qualidade das uvas e das castas utilizadas. Entre os “segredos” para a obtenção de boas bagaceiras está o manejo de proporções adequadas de películas de uvas, de grainhas e de caules, e, naturalmente, o uso de matéria-prima de boa qualidade e com características organolépticas mais apropriadas para a produção de aguardentes.
A destilação do bagaço produz uma aguardente incolor, mas, muitas vezes, o produto é melhorado com estágio em cascos de madeiras nobres, como o carvalho, dando-lhe colorações de mel mais ou menos acentuadas, daí resultando classificações conforme o tempo de envelhecimento. O teor alcoólico das aguardentes bagaceiras ronda os 40 por cento.
A aguardente vínica resulta da destilação do vinho e é, comparada com a bagaceira, um produto mais sofisticado, com aromas e sabores menos fortes e mais equilibrados. Criada a partir de vinhos de qualidade, a aguardente vínica portuguesa ostenta qualidades aromáticas e sápidas que a tornam capaz de ombrear com as mais caras e conceituadas bebidas espirituosas, transportando toda a tipicidade das grandes castas nacionais.
As aguardentes de vinho, incolores logo após a destilação, são habitualmente sujeitas a envelhecimento em casco de madeira nobre, ganhando com isso maior suavidade, tonalidades de caramelo e mais complexidade de sabores e aromas. Com uma percentagem de álcool um pouco mais baixa, em média, do que as bagaceiras, as aguardentes vínicas têm classificações que variam consoante o tempo de envelhecimento, que pode variar entre o mínimo de dois a seis anos.
A maior acidez dos vinhos e dos bagaços da região dos vinhos verdes tem sido apontada como argumento para a obtenção de excelentes aguardentes, tanto bagaceiras como vínicas. Mas a grande variedade de castas portuguesas permite elaborar aguardentes e bagaceiras mais ou menos macias, mais ou menos aromáticas, capazes de satisfazer gostos muito diferentes.
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