quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Família Carra

Visitando Serra Negra faça um turismo rural de primeira qualidade, com visitação a produção de vinhos artesanais, cachaças variadas e Museu da Imigração Italiana de Serra Negra.


Vendas de outros produtos artesanais, como suco de uva, geléias e cachaças.


A família Carra está na região há cinco gerações e quem procura vinho encontra da melhor qualidade, produzido com uvas vindas do rio Grande do Sul. “Cada geração tem seu lugar na adega rústica, construída em alvéolos de barro, uma curiosidade que se mistura a outros pertences da família, como máquinas de costura antigas, ferros de passar, fotos e brasões. No local é possível encontrar o vinho Porto Ânfora, uma tradição grega passada aos portugueses. O Porto Ânfora é feito com uvas desidratadas e fica enterrado em ânforas de barro por 12 meses, dando ao vinho um sabor especial.


Vinhos ArtesanaisOs vinhos da Família Carra são produzidos com técnicas tradicionais desenvolvidas por várias gerações da família na Itália, onde utiliza uvas selecionadas dos melhores vinhedos do Rio Grande do Sul.


Cachaças Artesanais
As Cachaças Artesanais da Família Carra são produzidas com técnicas tradicionais da família, o que traduz em cachaças de excelente qualidade como a Cachaça Azul, exclusividade da Família Carra, e as Cachaças da Safra de 1988 e 1978, sendo uma das cachaças mais famosas do Brasil.

O Sítio Bom Retiro oferece também boas cachaças, premiadas como a feita na ocasião da inauguração do Memorial JK em Brasília. “Ganhamos em segundo lugar, entre as melhores cachaças do Brasil, as garrafas eram numeradas e, em leilão, chegaram a valer R$ 35 mil”, conta Clóvis Carra que mostra outras curiosidades como a cachaça azul, uma receita do tempo do Império, feita em homenagem a D. Pedro II e aos nobres de “sangue-azul”. A flor de laranjeira misturada à cachaça é que proporciona a coloração. A bebida deve ser servida bem gelada que é quando perde a acidez e intensifica o sabor. Ou, ainda, a Kachinello, uma receita indígena e que era oferecida antes das provas de resistência. Inicialmente feita com álcool de mandioca, no Sítio Bom Retiro ela é feita com álcool de cana, acrescido de caramelo, açúcar mascavo, licor de cacau e pó de guaraná. Segundo Clóvis Carra, “faz milagres”.


Kachimello
Kachimello é uma bebida elaborada com Pó de Guaraná, bidestilado alcoólico de cana de açúcar e açúcar mascavo. Seguindo um processo de decantação natural, em 15 meses de maturação.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Cobre não oferece riscos à cachaça

Em 22/10/2010 em debate na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, convidados criticam norma da Anvisa que proíbe uso do metal.

Críticas às agências reguladoras e aos meios de comunicação marcaram a reunião da Comissão Extraordinária de Integração ao Parlamento do Mercosul, realizada ontem na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A reunião, coordenada pelo deputado Antônio Júlio (PMDB), teve como objetivo discutir as estratégias de adequação dos produtores mineiros de cachaça aos padrões fitossanitários da Comunidade Europeia e a proibição do uso de utensílios de cobre na produção alimentícia, determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O encontro foi motivado pelo relato de dificuldades enfrentadas pelos produtores para exportar a cachaça artesanal, devido ao teor de cobre registrado no produto, acima do tolerado pelos países europeus. Além disso, foram consideradas as reportagens do jornal Estado de Minas, publicadas em agosto, que abordavam a Resolução 20/2007 da Anvisa, que dispõe sobre a proibição do cobre. O periódico chamou a atenção para os perigos do metal na elaboração da cachaça, o que preocupou produtores e consumidores. Entretanto, os convidados da comissão apresentaram argumentos que contrariam o que foi divulgado.

A coordenadora do Núcleo de Tecnologia da Cachaça da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Maria das Graças Cardoso, destacou que "não há respaldo científico para acabar com os alambiques de cobre". Ela apresentou dados de uma pesquisa feita pelo Núcleo, entre 2005 e 2010, que realizou testes em 727 amostras de cachaças artesanais mineiras. Apenas 76 registraram teor de cobre maior do que o permitido pela Anvisa, que é de 5 mg por litro. Além disso, a pesquisadora ressaltou que a substância encontrada na bebida não prejudica a saúde, pois não se apresenta na forma metálica.

A técnica da Superintendência de Vigilância Sanitária de Minas, Joana Dalva de Miranda, salientou que a resolução da Anvisa vale apenas para alimentos e foi criada para se adequar às exigências do Mercosul. A norma estabelece que o cobre dos tachos, tampas e outros utensílios usado no preparo de alimentos seja revestido por níquel, ouro ou prata. De acordo com a fiscal federal agropecuária do Ministério da Agricultura, Sílvia Maria Borim Côdo Dias, o Ministério vai rever o acordo e a Resolução 20/2007. "Que o cobre tem que fazer parte da cachaça, isso é incontestável", afirmou Sílvia, citando que o elemento contribui para o odor e o paladar característicos da cachaça.

Tributação

Os produtores questionaram a norma da Anvisa e a alta tributação da cachaça artesanal no Brasil e no exterior, o que beneficia apenas grandes grupos de produtores. O presidente da Cooperativa de Produtores de Cachaça de Alambique de Minas Gerais, Trajano Raul Ladeira de Lima, citou que a cachaça paga R$ 2,70 de imposto por garrafa de 700 ml, ao passo que o litro de outras bebidas é tributado em R$ 0,14.

Em relação ao contexto internacional, a assessora de comércio exterior do consulado do Paraguai, Vanessa Teles Castro, exemplificou as taxas praticadas na Alemanha: 3,50 euros para a cachaça e 0,65 para a tequila. Ela chamou a atenção para as barreiras que o produto enfrenta no exterior e sugeriu maior adequação dos produtos brasileiros ao mercado estrangeiro. "Hoje o problema é o cobre, amanhã será o rótulo, o código de barras", enumerou.

Os deputados Antônio Júlio e Carlos Pimenta (PDT) defenderam um controle maior sobre as agências reguladoras, para que normas sem base técnica e científica não sejam elaboradas. Antônio Júlio lamentou a ausência dos repórteres Luciane Evans e Luiz Ribeiro Santos, do Estado de Minas, convidados para a reunião, e afirmou que a imprensa precisa apurar melhor as notícias antes da divulgação. O deputado Domingos Sávio (PSDB) reforçou as críticas às agências reguladoras.

Requerimentos

A comissão aprovou três requerimentos. Um é destinado à Anvisa e solicita o aperfeiçoamento da Resolução 20/2007, para diferenciar a produção de alimentos da produção de bebidas. Outro é um pedido de providência à Vigilância Sanitária Estadual, no sentido de suspender a restrição ao uso de utensílios de cobre na produção de cachaça, até que a Anvisa esclareça os pontos controversos da resolução. O terceiro requerimento solicita à Central Exportaminas a promoção de evento para divulgação do produto nos países integrantes do Mercosul.

Estiveram presentes os deputados Antônio Júlio (PMDB), coordenador; Carlos Pimenta (PDT), Tenente Lúcio (PDT) e Domingos Sávio (PSDB).

domingo, 31 de outubro de 2010

É Amargo, mas é Bom!

Para paladares bem treinados, as bebidas amargas são um prazer recompensador
por Sílvia Mascella Rosa

Os digestivos devem ser servidos em temperatura ambiente e copos delicados

Grande parte das crianças não apreciam os alimentos verdes e nem os amargos. A ciência hoje é capaz de explicar isso de uma forma muito interessante: quando nada éramos além de uma das partes mais frágeis da cadeia alimentar (ainda na pré-história), escolher o que comer era uma questão de tentativa e erro. Desse tempo ficou em nossos genes uma memória ancestral que avisa que alimentos (e bebidas) verdes podem ser potencialmente letais ou de sabor desagradável. É somente através da experimentação e da evolução do paladar que aprendemos que alguns frutos, legumes, verduras e bebidas, apesar de verdes e amargos, não farão mal à nossa saúde - muito pelo contrário.

O que há de mais interessante nessa evolução é que no século XVIII as bebidas compostas com ervas, raízes e frutos amargos se desenvolveram como cura de doenças. A maior parte dos licores e alguns poucos destilados eram, em sua criação, elixires e não algo que se po-dia pedir no balcão de uma estalagem. Dos que chegaram até nós, os principais são os amaros, uma classe de bebidas cujo próprio nome explica sua principal característica.

Os amaros (ou bitters) são o líquido resultante da destilação de uma mistura de ervas, cascas, raízes e plantas, maceradas em álcool. Normalmente o produto final retêm uma boa parte desse álcool, por volta de 45% e, por conta disso, essas bebidas são comumente utilizadas em pequenas quantidades para aromatizar coquetéis ou são diluídas para se transformarem em bebidas únicas, retendo seus sabores tão distintos. Uma característica, no entanto, é comum à quase todos os bitters, a sua capacidade de ajudar na digestão e também de abrir o apetite. Algumas gotas de angostura, por exemplo, colocadas em um copo de água podem ajudar a combater a náusea e até algumas dores de estômago. Essa recomendação vem diretamente do farmacêutico que a criou, no século XIX, para os males de estômago de seus pacientes, um deles o general Simon Bolívar, libertador de tantos países sulamericanos. O farmacêutico batizou a bebida (uma mistura de rum forte com raízes e flores de genciana e ervas) com o nome de uma vila da Venezuela, a vila de Angostura, e até hoje a bebida continua sendo produzida segundo a sua receita original de 1824, na ilha de Trinidad y Tobago, onde a empresa foi estabelecida por ele.

Outra combinação amarga, mas com notadas propriedades medicinais é o Underberg. Preparado com ervas vindas de 43 países, sua capacidade de estimular os sucos gástricos e ajudar na digestão tem uma história peculiar. Seu criador, o alemão Hubert Underberg, era umaapreciador de um exilir preparado nos Países Baixos, feito com ervas diluídas em Genebra - um popular destilado da região. Em sua cidade natal, Rheinberg, ele passou a estudar esses elixires e fazer sua própria mistura, com o objetivo de deixá-la mais equilibrada e uniforme. Em 1846 nasceu o Underberg como é feito na Alemanha até hoje - a receita está nas mãos de cinco pessoas: o tetraneto do fundador, sua esposa, sua filha e dois monges beneditinos.

No Brasil, o Underberg já foi uma bebida muito conhecida, em suas garrafas de quase um litro. No entanto, essa bebida que era fabricada aqui com uma receita de base alemã passou a se chamar Brasilberg. Desde então, o nosso País recebe a bebida original como é comercializada no resto do mundo, em garrafinhas de 20 mililitros, equivalentes a uma dose do digestivo. Como preza a etiqueta, após a refeição, cada garrafinha deve ser vertida em um cálice de 24 cm de altura, criado especialmente para a bebida em 1867.

Apesar de terem em comum o sabor amargo, essas bebidas gozam de uma popularidade mundial expressiva (o Underberg, por exemplo, comercializa anualmente mais de um milhão de garrafinhas), onde os italianos parecem ser mestres. Algumas de suas marcas de aperitivos amargos dispensam apresentação, como o Campari (criado em 1860), o Carpano Punt e Mes (uma espécie de vermute mais amargo), o Aperol (de 1919), o Cynar (feito com folhas de alcachofra do vale do rio Pó) e a Fernet Branca, um digestivo que surgiu em 1845, preparado com 27 ervas de quatro continentes e envelhecido por um ano em barris de carvalho. Na Europa, ainda é possível encontrar outros amaros com características de seus países de produção, como o Unicum, feito na Hungria e com sabor ligeiramente mais suave, o Amer Picon francês, o Hoppe Oranje da Holanda e o Jagermeister da Alemanha entre dezenas de outros. Em comum a grande maioria dos bitters têm os aromas e sabores da genciana (planta alpina utilizada há séculos na medicina), o quinino (tão conhecido dos brasileiros na água tônica e por seu uso no tratamento da malária), as laranjas amargas (sabor dominante do Campari e dos amaros holandeses), os cravos e o ruibarbo.

Na hora de servir cada uma dessas bebidas têm seu estilo próprio. Os do tipo aperitivo podem ser servidos com gelo, rodela de limão ou laranja e até mesmo club soda. Os digestivos devem ser servidos em temperatura ambiente e em copos delicados, quase como licores.

Quando utilizados em coquetéis os bitters do tipo da Angostura ou o Peychaud americano devem ser colocados em pequenas gotas, seu excesso pode arruinar a bebida. Para um coquetel com sabor da Londres dos anos 1940, é necessário uma dose e meia de bom gin inglês e algumas gotas (2 ou 3) de Angostura. Em um copo de coquetel, pingue as gotas de Angostura e gire o copo de modo a espalhar a bebida pelas paredes. Retire o excesso e coloque o gin. Duas pedras de gelo podem ser utilizadas para suavizar. Esse coquetel clássico e tradicional é conhecido como Pink Gin, por conta da coloração levemente rosada que a Angostura deixará na bebida.