quinta-feira, 26 de setembro de 2013

A relação entre madeiras e aguardente

Entre 2009 e 2010, enquanto aluna do curso de Ciências dos Alimentos da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ), Aline Marques Bortoletto foi bolsista do programa CAPES/BRAFAGRI e cursou disciplinas no Institut National Supérieur des Sciences Agronomiques, de l'Alimentation et de l'Environnement - AgroSup Dijon (França). Durante a permanência na Europa, fez estágio e o trabalho de conclusão de curso no Institut Universitaire de la Vigne et du Vin - IUVV, Jules Guyot - Université de Bourgogne (França), quando estudou a interação madeira/compostos de aroma e impacto sobre a percepção sensorial do vinho.

Hoje, como mestranda do programa de Pós-graduação em Ciências dos Alimentos da ESALQ, tem adaptado os estudos realizados na França para o comportamento da bebida mais popular no Brasil, a cachaça. No Laboratório de Tecnologia em Qualidade Química de Bebidas, orientada pelo professor André Alcarde, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN), observa a composição química de cachaça envelhecida por interação com madeira de carvalho proveniente de diferentes florestas francesas. "A cachaça é a bebida destilada típica do Brasil e seu envelhecimento em barris de madeira proporciona maior qualidade. A composição química da madeira de carvalho, a espécie botânica, a proveniência geográfica, a idade da madeira e o modo como conduzir a floresta são parâmetros relevantes na escolha do produtor, pois interagem sobre a qualidade da madeira e, consequentemente no perfil sensorial da bebida", comenta Aline.

De acordo com a pesquisadora, a madeira de carvalho é a principal madeira utilizada no envelhecimento de bebidas alcoólicas, adquirindo supremacia mundial, pois participa ativamente do "flavor" da bebida de qualidade graças à extração de moléculas aromáticas, porém demanda alto custo inicial e longo prazo. O experimento conduzido por Aline vem sendo realizado primeiro em escala laboratorial, mediante uso de fragmentos destas madeiras, para posteriormente ser aplicado em sistema convencional (tonéis). O projeto tem apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e avalia os compostos químicos aromáticos oriundos da degradação térmica da madeira, mediante a interação da cachaça com fragmentos de carvalho de diferentes florestas francesas Allier, Vosges and Nièvre tostadas nas intensidades fraca, média e alta, padronizadas pela tonelaria em cachaça (40%v/v ethanol). Os compostos químicos analisados por cromoatografia líquida de alta eficiência (CLAE) são vanilina, siringaldeído, ácido vanílico, sinapaldeído ácido siríngico, coniferaldeído, ácido elágico, 5-hidroximetilfurfural e ácido gálico, relacionados aos aromas de baunilha, especiarias, caramelo, amêndoas e outros. 

"O nível de degradação térmica da madeira aumenta a complexidade aromática a partir da degradação de polímeros, como polissacarídeos e polifenóis, permitindo o surgimento de novas substâncias aromáticas, e influencia as características físicas, químicas e organolépticas da bebida. Porém, o emprego desta técnica deve ser estudado em cada tipo de bebida", salienta a autora do trabalho. Além disso, um aspecto importante a se levar em conta no envelhecimento de bebidas é a operação da queima ou tosta aplicada às aduelas dos barris. "Esse tratamento é necessário para dar forma aos tonéis, bem como para modificar as estruturas moleculares da madeira, possibilitando a melhor qualidade das bebidas durante seu envelhecimento mediante aumento da complexidade e intensidade dos compostos denominados congêneres de envelhecimento", explica Aline.

Até o momento, o perfil aromático das amostras relata forte influência da intensidade de tosta da madeira nas três florestas, sendo que a tosta alta apresenta maiores quantidades de todos os compostos aromáticos analisados. A cachaça maturada com madeira carvalho Vosges alta obteve maiores valores quando comparado as demais madeiras. Observou-se ainda que o perfil aromático das madeiras Vosges e Allier possuem maiores teores de sinapaldeído, siringaldeído e vanilina. Testes sensoriais serão estudados futuramente para complementação do estudo, mas enquanto a pesquisa segue na definição de parâmetros, a pesquisadora apresenta parte dos resultados, este mês, em Laval, na França, durante o Food Factory - 6th international conference on the food factory for the future.

Texto: Caio Albuquerque
Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (USP/ESALQ)
16/07/2012

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Microdestilaria HOF classificada entre as melhores cachaças do Estado de SP

IX Concurso de Qualidade da Cachaça e VIII Encontro da Cadeia Produtiva de Cachaça.

Evento realizado nos dias 13/09/2013 e 14/09/2013 em Araraquara no Campus da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP. Com o objetivo de capacitar os produtores de cachaça e melhorar a qualidade do produto final, o Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNESP/Araraquara promoveu o “VIII Encontro da Cadeia Produtiva de Cachaça e o IX Concurso de Qualidade da Cachaça”. O Encontro tem o intuito de ser o elo entre os detentores do conhecimento, de tecnologia e de serviços, no caso a universidade, e os que necessitam aprender novas tecnologias, no caso os micro e pequenos produtores de cachaça.

Neste ano, o Concurso de Qualidade da Cachaça premiou as melhores cachaças em três categorias: Envelhecidas, não envelhecidas e descansadas. Além disso, foi premiada a garrafa de cachaça mais bonita, como um incentivo a boa apresentação do produto, fator de melhoria da qualidade.

As amostras inscritas foram inicialmente submetidas a um processo de avaliação sensorial, conduzido no Laboratório de Análise Sensorial do departamento de Alimentos e Nutrição da FCFar-UNESP (Faculdade de Ciências Farmacêuticas - UNESP/Araraquara) por um painel de provadores, que indicaram dentre as amostras aquelas que apresentam as médias de aceitação mais altas com relação à impressão global.

Após a fase de triagem acima mencionada, as amostras selecionadas foram finalmente avaliadas pela comissão julgadora, constituída por uma equipe de especialistas* da área que, com base nos resultados sensoriais e em concordância com a maioria de seus membros, indicarão as amostras classificadas no concurso.

Produzida na Estância Hidromineral e Climática de Serra Negra, a Cachaça 1956 (Alma da Serra) obteve o quarto e sétimo lugares na sua participação no concurso, concorrendo nas categorias descansada e não envelhecida. “Um excelente resultado para um produto relativamente jovem (a microdestilaria ainda está na fase final de estruturação), sem qualquer substância ou açúcar para alterar o sabor”, diz o proprietário. “Com esta conquista, reafirmamos nosso interesse e compromisso com a qualidade e preservação das características originais da bebida”.

Sobre a Microdestilaria Hof

Sem a utilização de aditivos químicos e com foco na inovação e exclusividade, a Microdestilaria Hof vem sendo estruturada desde 2004 no Bairro da Serra de Cima e tem capacidade limitada de produção de 12mil litros/ano e é especializada na produção de licores destilados finos e cachaças bidestiladas de alta qualidade e com distribuição seletiva. Atualmente produz tres variedades, a cachaça descansada em barris de carvalho francês e americano, além da cachaça pura, "branquinha".

Cachaças

Cachaça descansada em Carvalho Americano: Armazenada em tonéis de carvalho, têm cor levemente amarelada, aroma discreto da madeira e a interferência natural do carvalho durante o processo de maturação. Esta cachaça possui sabor aveludado e com bastante permanência.

Cachaça Branca: Engarrafada 3 meses após sua destilação e descanso em recipientes neutros, a cachaça branca e pura conserva características totalmente originais e é uma excelente opção na preparação de coquetéis. É suave, possui aroma característico e agradável.

Carvalho: madeira europeia, usada na construção em geral e no envelhecimento de destilados e vinhos desde a Antiguidade. Pipas de carvalho foram trazidas pelos portugueses para o Brasil a partir do século
XVI, quando começaram a ser utilizadas para guardar cachaça. Existem cachaças maravilhosas envelhecidas no carvalho, de cor ouro claro, macias e levemente adocicadas. Em nossa destilaria são utilizadas barricas de carvalho francês e americano, de procedência (Toneleria Victoria - “Alta Toneleria” e Mistral e Odissè) , objetivando alcançar um notável sabor e características nobres, únicas e exclusivas.