sábado, 25 de dezembro de 2010

Cachaça Campanari: duas medalhas de prata no 4º Concurso da Cachaça realizado durante o VIII Brazilian Meeting on Chemistry of Food and Beverages

Cachaça Campanari: duas medalhas de prata no 4º Concurso da Cachaça realizado durante o VIII Brazilian Meeting on Chemistry of Food and Beverages na cidade São Carlos, SP (2010), nas categorias descansada e envelhecida.


O alambique de Neno Campanari fica numa estrada de terra no bairro da Barra, um pouco antes da entrada principal da cidade. Ele representa a terceira geração da família na produção de cachaça. Tudo começou em 1932 com o avô Luigi Campanari. Ele era italiano e trouxe da Europa o conhecimento do processo de produção de vinho e grapa, a bebida destilada da uva. Na época a moagem da cana era feita através de um moinho d’água e o transporte era feito em lombo de burro.

Hoje muita coisa mudou, com o surgimento de novos materiais e tecnologia, mas a base da produção continua a mesma, totalmente com produtos naturais. A tradição familiar continuou com o pai de Neno, Adolfo Campanari. Neno Campanari é o responsável por todos os processos na produção, desde o plantio da cana, a limpeza, a moagem, a fermentação, a fervura, a destilação, o armazenamento em tonéis e o engarrafamento. Campanari cultiva dois alqueires de cana e diz que as cachaças têm um sabor próprio da região, porque são feitas com variedades locais, como a cana roxinha e a cana branca. Para ele, o grande segredo para uma boa cachaça é a dedicação. “Tem que gostar do que faz. São muitos detalhes, que começam com a limpeza manual da cada cana, porque as impurezas influem na fermentação e no sabor final da bebida”.

A sua produção diária é uma média de 35 litros, totalizando cerca de mil litros por mês. As vendas acontecem na sede da associação no centro de Monte Alegre e no próprio sítio, para os turistas que visitam o alambique e querem conhecer como se faz uma pinga artesanal. Premiada nos últimos concursos nacionais de cachaça promovidos pela Universidade de São Paulo (o Concurso de Qualidade da Cachaça, dentro do evento Brazilian Meeting on Chemistry of Food and Beverages), a pinga artesanal é uma das mais antigas de Monte Alegre do Sul. Produzida desde 1932 pelo avô de Neno, o italiano Luigi Campanari, a receita acabou sendo repassada para vários descendentes, que montaram outros alambiques na região. As fotos dessa saga familiar estão na simpática lojinha, que expõe barris de carvalho.

Cachaça Paulista: Mazzaropi

A cachaça, também conhecida como pinga, sempre esteve presente na vida do caipira. Antigamente, ela era feita dentro de casa para consumo próprio. Dizem que, nessa época, as donzelas e rapazes mais novos não conseguiam tomar a bebida, frequentemente misturada com limão, por ser muito forte. Então adicionavam também açúcar. Por isso, os homens mais rústicos diziam que os frangotes tomavam bebida das "caipirinhas", referindo-se às moças. Assim nasce a Caipirinha, o drink brasileiro mais famoso do mundo, feito de cachaça com limão, açúcar e gelo. Graças ao aumento de seu consumo, a cachaça passou a ser encontrada em todas as regiões do Brasil, em todas as classes sociais. Isso exigiu um aprimoramento de sua produção, desde o cultivo da cana-de-açúcar até sua maturação correta, resultando em exemplares de excelente qualidade que agradam aos paladares mais exigentes e refinados. Hoje a cachaça é apreciada inclusive por estrangeiros, apaixonados pela bebida que é a cara do Brasil.

Nesses mesmos moldes, começando com uma produção para subsistência e passando a maior escala na medida em que sua popularidade aumentava, é feita a Cachaça Mazzaropi. Sua produção começou despretensiosa, caseira, apenas para consumo interno. Por ser um produto tão bom e graças à ótima aceitação dos hóspedes, que queriam presentear amigos e parentes ou levar a cachaça pra casa, a fabricação tomou maiores proporções e ela passou a ser comercializada. Ela é produzida artesanalmente, com o cuidado e o tempo necessários para se obter um produto de qualidade, cuidado que começa com a seleção da cana e se estende à colheita e à fermentação, feita sem adição de substâncias químicas. Descartados o início e o fim da destilação, somente o "coração" da cachaça vai para o descanso para conferir a ela cor, aroma e sabor inigualáveis. Ela é envelhecida em tonéis de madeira de carvalho de pequeno volume (200l) por, no mínimo, 18 meses, em ambiente com umidade controlada, no próprio Hotel Mazzaropi.

Amácio Mazzaropi foi um dos mais importantes cineastas brasileiros. Empreendedor, trabalhou em 34 projetos desde a década de 50, quando também criou a PAM filmes, um dos maiores estúdios da América Latina. Da produtora e distribuidora saíram enormes sucessos de público e bilheteria. Hoje, no mesmo local funciona o Hotel Fazenda Mazzaropi e o Museu Mazzaropi, uma área de 1200m2 onde se guarda com carinho as lembranças desse visionário artista, resgatadas e administradas pela família Roman.
Muitos de seus filmes foram estrelados por seu personagem de maior sucesso, o Jeca Tatu, criação de Monteiro Lobato interpretada pelo próprio cineasta. O Jeca simbolizava o homem rural abandonado pelos poderes públicos, que trabalhava na lavoura e vivia uma vida muito simples, trazendo à tona várias questões sociais como a saúde e a política de terras. Seus momentos de lazer eram poucos, a diversão era se reunir pra contar "causos", histórias muitas vezes inventadas, ou tocar moda de viola, sempre tomando cachaça.

A Cachaça Mazzaropi participou, em 2008, do III Concurso de Avaliação da Qualidade da Cachaça, realizado pela Universidade de São Paulo. Foram julgados critérios como a pureza, o aroma, a cor e o prazer que ela proporciona ao paladar. Nesse teste de satisfação, a Cachaça Mazzaropi ficou em terceiro lugar, uma posição privilegiada entre as melhores do Brasil, send que em 2010 ganhou a medalha de prata pelo 2ª colocação na categoria envelhecida.