quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Breve retrospectiva do rum cubano

Rum e Piratas

Quando se fala em rum, logo vem à lembrança o verão, um bom charuto, saborosos coquetéis, os piratas, o charme das ilhas do Caribe... Enfim, como muitas outras, o rum é uma bebida secular e que até hoje é sucesso entre os especialistas. Produzido inicialmente em Cuba, no século 16, o rum possui características refinadas e aroma suave, por isso era chamado de "vinho de açúcar". Destilado de canas frescas trituradas ou de seu melaço, ficou muito conhecido a partir do século 17, sendo considerado uma bebida medicinal capaz de curar doenças e expulsar os "demônios" do corpo. Sua história conta ainda que sua alta graduação alcoólica (de 40 a 75 graus) servia para acalmar os ânimos e encorajar os piratas do século 19, na hora dos combates, além de servir como moeda para a troca de escravos. Fermentado de duas maneiras diferentes (agrícola e industrial), o rum é transparente e cristalino ao sair do alambique. A cor dourada, encontrada em alguns tipos da bebida, é resultado do envelhecimento em tonéis de carvalho, ou, na maioria dos casos, pela adição de corantes de caramelo. Os envelhecidos, como o añejo cubano, que repousa por sete anos e tem buquê digno dos melhores conhaques, não deve ser usado em coquetéis. Os mais exigentes, inclusive, recusam-se a bebê-lo com gelo. Mas o rum é ingrediente principal em drinques que são consumidos há muito tempo em todo o mundo, como Daiquiri, Cuba Libre e Mojito.

A História do rum cubano

A história do rum cubano é tão antiga como a própria colonização, pois é um produto extraído da cana-de-açúcar que o Almirante trouxe à Ilha em sua segunda viagem a este Continente. O que acontece é conhecido; as raízes da cana, procedente das Ilhas Canárias, se enraizaram na virgem e fértil terra cubana, onde encontrou um microclima ideal para crescer principalmente ao redor das aldeias aborígenes e dos rebanhos.

Existem muitas versões sobre as origens do rum, como a que desde 1650 nesta área do Caribe existiria um rum fabricado pelos piratas e corsários que navegavam pela zona ao qual denominaram “rumbillion”

Em Cuba, ao contrario, conta-se que com o extermínio de seus primeiros habitantes, no século 16, e com a chegada dos escravos negros arrancados de suas terras, a história continuou.

Diz-se que os escravos costumavam tomar o que chamaram “garapo”, obtido da fermentação da mandioca e o milho. Depois, passaram a extrair o suco da cana-de-açúcar, que uma vez fermentado, dava origem a um licor forte. Obtinha-se o liquido através de aparatos rudimentares. Mais tarde utilizou-se o trapiche em engenhos e usinas; a garapa se transformou em alcoóis e deles surgiu a aguardente.

Apetecido por sua transparência e cheiro agradável, destilação a destilação veio a surgir o rum. Mas, somente no século 19 se tornou uma bebida de qualidade e açeitação.

Surgem então no país diversas destilarias e marcas. Construíram-se destilarias em Cárdenas, Santiago de Cuba, Cienfuegos e Havana. Várias marcas se impuseram no mundo, entre as quais, as chamadas Matusalén, Jiquí, Bocoy, Campeón, Obispo, San Carlos, Albueme, Castillo, Bacardí e Havana Club.

A Bacardí se estabeleceu como a melhor e maior exportadora, durante quase todo o século 19 e parte do 20. Uma das principais leis do governo revolucionário que triunfou em 1959, foi a nacionalização das grandes empresas privadas. Os donos da Bacardí emigraram e, apesar de levarem a marca, não conseguiram levar nem obter no exterior, o bom sabor do rum cubano, “que ficou em nosso solo, nos canaviais, com o vento, o sol, os méis finais, o álcool, os barris e a herança do processo tecnológico”, no dizer de um reconhecido escritor desta nação do Caribe.

Desde então, se reorganizou e ampliou a indústria do rum cubano; surgiu de novo a antiga marca “Havana Club” – fundada em Cárdenas em 1878 – dedicada à exportação e cujo emblema é a Giraldilla, uma estatueta que simboliza a cidade de Havana.

A partir de 1993, esta marca se apresenta com a firma franco-cubana Havana Club International S.A. – a empresa francesa Pernod-Ricard se encarrega da distribuição mundial – e produz os Añejos Blancos; Tres Años Especial; Reserva sete anos e Quinze Anos, alem das mais recentes Cuban Barrel Proof e o Extra Añejo Máximo, todos de grande aceitação nacional e internacional.

Durante muito tempo, o Havana Club era único no mercado mundial. Atualmente, outras marcas cubanas não menos importantes têm conseguido afirmar-se internacionalmente; entre as quais: Mulata, Caney, Arecha, Legendário, Varadero, Santero e Caney. (Lucia Arboláez)